5 DISCOS

/ Por: Cleber Facchi 25/05/2011

Por: Cleber Facchi e Fernanda Blammer

Foi-se o tempo em que eles eram os perseguidos pelos grandalhões da escola ou os excluídos por conta de seu comportamento “estranho”. Hoje os nerds e toda a cultura que os engloba estão em cada canto das nossas vidas, dos seriados de televisão, aos mais recentes lançamentos tecnológicos. O que antes era reduto de um número limitado de integrantes, hoje ganhou status de cult e tomou de assalto boa parte do cenário cultural contemporâneo, invadindo o cinema, literatura, moda e música. Para comemorar o dia do orgulho nerd (25 de maio) elaboramos uma seleção de cinco discos onde a “nerdice” de seus compositores é a força motora do trabalho, com vocês: Cinco discos para quem tem orgulho de ser nerd.

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Weezer – Pinkerton (1996)
Para: quem é nerd “melecão” e vive se apaixonando pela amiga

Se existe alguém que possa ser considerado como um dos precursores do “nerd rock”, então esse é Rivers Cuomo e seu Weezer. Durante anos a banda foi (e ainda é) encarada como a personificação do estilo nerd dentro da música. Se com o primeiro disco – Blue Abum, 1994 – o grupo de Los Angeles já se evidenciava como um dos representantes do gênero, abordando as complicações do amor e adversidades típicas de adolescentes, com o segundo disco, Pinkerton (1996) o resultado foi ainda mais impactante.

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Com o disco, Cuomo e seus parceiros adentravam um terreno repleto de guitarras distorcidas e uma temática jovial, onde as letras são o prato principal de todo o trabalho. Entre a paixão por uma lésbica em Pink Triangle ou seu interesse por uma fã japonesa em Across The Sea, o músico acabou compondo o que seria a trilha sonora para um bom número de jovens do mundo todo. Embora fosse duramente criticado em sua estreia, o disco posteriormente acabou identificado como a obra máxima da banda, tendo em Cuomo a eterna figura do grande nerd do meio musical.

Kraftwerk – Computer World (1981)
Para: quem gosta de Tron (1982) e sente saudades de trabalhar com o MS-DOS

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Você pode nunca ter reparado, mas nada explica melhor o quarteto alemão Kraftwerk do que um grupo de amigos nerds, fissurados por tecnologia e sons futurísticos. Antes mesmo do próprio termo “nerd” invadir boa parte dos filmes norte-americanos que explodiram na década de 1980, o grupo (um dos pioneiros da música eletrônica) já se aventuravam na elaboração de sons vanguardistas, tendo sempre na construção de ritmos sintetizados o elemento de centro de todos os seus influentes trabalhos.

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Desde 1970 na “fabricação” de seus registros, o grupo germânico comandado por Ralf Hütter tem em Computer World (1981) um verdadeiro mergulho dentro do universo da tecnologia, gerando um álbum ainda mais conceitual do que os clássicos Radio-Activity (1975) e The Human-Machine (1978). Recheado de bips, batidas e elementos puramente sintéticos, o álbum transporta o ouvinte para dentro de um universo de números, cálculos e um panorama do que (naquele momento) parecia ser o futuro.

Devo – Are We Not Men? We Are Devo! (1978)
Para: Quem transita entre o “nerd” e o “freak”

Poucos artistas conseguem ser tão estranhos e ainda assim geniais quanto os norte-americanos do Devo. Embora sejam simplesmente caracterizados como um grupo ligado à new wave há muito mais na sonoridade da banda de Ohio. Se dividindo entre o “nerd” e o “excêntrico”, a banda se formou no começo dos anos 70 e pouco a pouco foi chamando a atenção do público e da imprensa, tudo por conta de suas roupas estranhas, capacetes feitos de um cone plástico e suas canções, indo do nonsense ao bizarro.

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Are We Not Men? We Are Devo! (1978), primeiro registro da banda vinha carregado de ritmos estranhos, sustentados pelo punk, new wave, art rock, synthpop e boas doses de experimentação. Através de faixas como Mongoloid, Space Junk e uma versão de (I Can Get No) Satisfaction, dos Rolling Stones, a banda rapidamente caiu nas graças do público, que mesmo sem entender a proposta da banda acabaram interessados por sua mistura inusitada.

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The Depreciation Guild – In Her Gentle Jaws (2007)
Para: Nerds modernos, que assistem TBBT e sabem como arranjar uma garota

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Fazendo parte da nova geração de artistas da “nerd music” o trio nova-iorquino The Depreciation Guild une a sujeira do shegoaze rock com uma divertida dose de 8-bit, transformando suas canções – quase sempre falando de amor – em algo jovial e que representa bem o que seria a geração nerd nos anos 2000. Nada dos óculos fundo de garrafa, as calças xadrez na altura do peito e cabelos repartidos ao meio, afinal, agora eles é que estão no controle e um visual “descolado” é sempre bem vindo.

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Com dois discos de estúdio (In Her Gentle Jaws de 2007 e Spirit Youth de 2010), o grupo une referências do passado com uma sonoridade renovada e quase futurística, sendo um dos grandes expoentes do atual cenário musical que circunda a região do Brooklyn. Em meio a guitarras distorcidas e sons de game boy, o trio alcança um som totalmente único e uma boa trilha para que sua vida se transforme em um videogame imaginário.

 

Groundislava – Ground Is lava (2011)
Para: Nerds viciados em videogame

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Mais recente representante dessa leva de artistas, o californiano Jasper Patterson une hip-hop, dubstep e sons de videogames antigos para dar vida ao Groundislava, projeto ainda pouco conhecido, mas que já conta com um ótimo disco de estúdio. Embora não seja percursor no estilo, o produtor e seus convidados prendem o ouvinte em uma dimensão onde cenários pixelizados, sons peculiares e uso abusivo de cores prevalecem por todos os lados.

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Lembrando o que poderia ser uma trila sonora alternativa para os clássicos Super Mario, Pac Man, Pitfal ou Alex Kid, o disco de estreia do californiano é um desses trabalhos repletos de nostalgia, servindo para reviver o nerd em potencial que se esconde dentro de cada um. Difícil não recordar a infância e a adolescência ouvindo as canções desse disco.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.