5 DISCOS

/ Por: Cleber Facchi 09/07/2011

Por: Cleber Facchi & Fernanda Blammer

Aproveitando que julho é o mês do rock preparamos para nossa modesta sessão 5 DISCOS uma pequena lista de cinco discos para quem gosta de rock. Dessa forma selecionamos cinco trabalhos vindos de diferentes décadas, de 1960 até os anos 2000. Sabemos que faltam alguns muitos trabalhos ligados ao gênero (aproveitem os comentários para montarem suas próprias listas), entretanto são discos que nós aqui do Miojo Indie gostamos muito e acreditamos que sejam alguns dos registros fundamentais para entender o estilo e suas múltiplas vertentes.

Anos 60
The Velvet Underground – The Velvet Underground & Nico (1967)

Nenhum disco lançado ao longo da década de 1960 conseguiu soar tão à frente de seu tempo quanto a obra máxima do The Velvet Underground. Além da sonoridade transgressora e completamente distinta do que era produzido naquele período, o álbum vinha carregado de letras irônicas, retratando o abusos de drogas, prostituição e até sadomasoquismo, tudo abordado da maneira mais crua possível. Embora incompreendido e rudemente criticado em seu período de lançamento, o disco serviria como a principal base para distintos movimentos musicais e grupos de rock que surgiriam dali pra frente. De Joy Division à Radiohead, de David Bowie à Nirvana, o que não faltam são indivíduos tocados pela obra dos nova-iorquinos.

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Protegidos do artista plástico Andy Warhol e tendo a dupla Lou Reed e John Cale como seus principais representantes, o primeiro disco do grupo traz a clássica imagem de uma banana em sua capa, além de canções como Sunday Morning, I’m Waiting For The Man, Venus in Furs e o épico polêmico Heroin. Por indicação de Warhol, o trabalho conta com a presença da cantora e atriz alemã Nico, que mesmo sob os protestos dos demais integrantes do grupo assume os vocais em boa parte das composições do disco. Um registro vanguardista do princípio ao fim.

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Anos 70
Television – Marquee Moon (1977)

Acha que The Strokes, Yeah Yeah Yeahs ou qualquer outra banda de indie rock que surgiu em meados dos anos 2000 sejam o pico do ineditismo e da novidade? Então você provavelmente nunca ouviu Marquee Moon do quarteto nova-iorquino Television. Lançado em oito de fevereiro de 1977, o álbum de apenas oito faixas traçaria todas as bases daquilo que Julian Casablancas e seus parceiros desenvolveriam mais de duas décadas depois. Carregado de crueza e guitarras dançantes o disco traz muito do que o The Velvet Underground já desenvolvia em seus trabalhos, embora tomado por um peso muito maior e uma sonoridade que delimitaria o que seriam as bases do movimento punk em Nova Iorque.

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Contando com Tom Verlaine (guitarra, teclado e vocal), Richard Lloyd (guitarra e vocal), Fred Smith (baixo) e Billy Ficca (bateria) em sua condução, Marquee Moon dialogava facilmente com outros álbuns lançados no mesmo período, como Horses de Patti Smith, Parallel Lines do Blondie ou com os primeiros trabalhos do Talking Heads. Embora passasse desatento na época em que foi lançado, hoje o disco é figura carimbada nas listas de melhores álbuns da história.

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Anos 80
The Jesus and Mary Chain – Psychocandy (1985)

Nuvens de poeira acústica, microfonias, vocais abafados, ruídos, cacofonia e densas camadas de distorção, algo que qualquer grupo de rock “convencional” evitaria ao máximo quando desenvolvesse suas límpidas composições, um completo oposto do que os irmãos Jim e William Reid ao desenvolverem sua banda, o The Jesus and Mary Chain. Cruzando sons da década de 1960 – The Velvet Underground mais uma vez marcando presença – com camadas e mais camadas de distorção, a dupla lançou em novembro de 1985 seu primeiro trabalho de estúdio, também considerado como sua obra máxima: Psychocandy.

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A sonoridade suja que tomava conta das faixas parecia representar a escura e fria Glasgow dos anos 80, cidade sede da banda e que serviu de inspiração para o que os irmãos Reid vieram a desenvolver. Embora classificado como um álbum de pós-punk, a banda delimitaria involuntariamente as bases para o que mais tarde seria definido como Shoegaze, movimento que inclusive recebeu esse nome por conta da timidez dos dois irmãos, que ao se apresentarem passavam o tempo todo olhando para seus sapatos (“shoes” em inglês), originando tal nomenclatura. Composto de 15 faixas, o álbum traz algumas pérolas da microfonia, como You Trip Me Up, Never Understand e a romântica Just Like Honey.

Anos 90
Pavement – Slanted and Enchanted (1992)

Certos discos parecem distantes do grande público, dos excessivos números de vendas, das rádios ou programas de TV, mas mesmo assim conseguem influenciar uma geração inteira de outros músicos, agregando assim um valor muito maior do que qualquer campeão de vendas. Este é o caso dos norte-americanos do Pavement, que ao lançarem seu primeiro álbum, Slanted and Enchanted em 1992 delimitariam boa parte do que se entenderia como “Lo-Fi” na década de 90, além de servirem como inspiração para um bom número de artistas que viriam a surgir no rock independente dos anos 2000.

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Tendo o californiano Stephen Malkmus como seu principal guia, a banda lançaria através do singelo registro uma sucessão de hits tomados por solos de guitarras radiantes, vocais elevados ao máximo e uma melodia que mesmo excêntrica não abandonava suas ligação com o pop. Se com o trabalho seguinte, Crooked Rain, Crooked Rain (1994), o grupo alcançaria sua maturidade instrumental e poética é com este primeiro disco que o Pavement delimita não apenas suas próprias estratégias, mas as bases para as próximas gerações. Nunca as palavras “simplicidade” e “competência” andaram tão próximas.

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Anos 2000
Arctic Monkeys – Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (2005)

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Tudo bem, nada do que Alex Turner e seus parceiros apresentam ao lançar Whatever people say i am, that’s what ‘im not em janeiro de 2006 soa de forma verdadeiramente nova. Doses nada ponderadas de rock dos anos 70, bons goles de Rolling Stones, uma leve camada do pós-punk britânico dos anos 80, além de um apurado passeio pelo britpop da década de 1990, tudo isso dá vida ao jogo de 13 faixas que movimentam a estreia do quarteto inglês. Entretanto seria injusto não apontar as glórias do grupo em condensar de forma dançante e entusiasmada todas essas referências, sendo quase possível denominar o resultado como original.

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Recordista de vendas, vencedor de uma variedade de prêmios ligados à música e figurinha carimbada dos principais discos dos anos 2000, o álbum se sustenta na criação de faixas rápidas, repletas de riffs grudentos, vocais fáceis e uma sonoridade jovial que há tempos parecia esquecida dentro do rock britânico. O fenômeno causado pelo álbum foi tanto, que logo na sequência centenas de grupos exatamente idênticos vieram para copiar o trabalho do quarteto, entretanto, a originalidade permaneceria inabalável nas mãos dos macacos do ártico.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.