Longe de qualquer traço de previsibilidade, Annie tem feito de cada single do aguardado Dark Hearts (2020) a passagem para um novo território criativo. Primeiro, a cantora e compositora norueguesa deu vida à atmosférica American Cars, música que parece apontar para o pop dos anos 1980, como uma sequência ao material entregue no último álbum de estúdio da artista, o bom Don’t Stop (2009), lançado há 11 anos. Em seguida, foi a vez de The Bomb, composição que atravessa as pistas da década de 1990 e dialoga de forma particular com outros nomes da produção eletrônica.

Sem tempo para descanso, a artista que chamou a atenção do público com o clássico Anniemal (2004), um dos grandes exemplares do pop escandinavo, está de volta com a faixa-título do novo disco. Misto de sequência e fina desconstrução do material entregue nas últimas duas músicas, a canção preserva a essência atmosférica de American Cars, porém, estabelece na força das batidas e flertes com a italo-disco um precioso componente de transformação. Instantes em que Annie parece dialogar com a obra de contemporâneas como Róisín Murphy e, principalmente, Robyn.

Dark Hearts (2020) será lançado em 16/10.

Annie – Dark Hearts