“As Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa “, Mundo Livre S/A

/ Por: Cleber Facchi 21/10/2011

Mundo Livre S/A
Brazilian/Manguebeat/Alternative
http://www.mundolivresa.com/

 

Por:Fernanda Blammer

Extremamente raras são as bandas que ao longo de sua curta ou extensa carreira conseguem promover uma discografia irretocável, distante de erros e sempre marcada pela criatividade. Ainda mais raros são aqueles que conseguem se reinventar em cada novo trabalho, transformando seu conjunto de álbuns em um colossal jogo de experiências diversificadas. Dentro desse clube exclusivo está o Mundo Livre S/A, banda que em quase trinta anos de carreira conseguiu transformar cada um de seus discos em um sempre variado cruzamento de diferentes tendências musicais.

Embora venha de uma constante participação no cenário musical do Recife desde meados da década de 1980, toda a repercussão em torno da banda só aconteceu no começo da década seguinte, durante a explosão do movimento Manguebeat. Ao lado de Chico Science e a Nação Zumbi, o grupo comandado por Fred 04 conseguiu na mesma década delimitar três clássicos da nossa música – Samba Esquema Noise de 1994, Guentando a Ôia de 1996 em 1998 Carnaval Na Obra -, deixando para a o começo da década seguinte o suingado e irretocável Por Pouco.

Após o lançamento de O Outro Mundo de Manuela Rosário em 2004, a banda finalmente se acomodou, prosseguindo com um bom número de apresentações ao vivo, porém, desenvolvendo composições inéditas de forma cada vez mais rara. Foi então que em 2008, no interior da coletânea Combat Samba, a banda acabou apresentando a inédita Estela (A Fumaça do Pagé Miti Subitxxy), mais um belo clássico para a vasta discografia do grupo recifense e uma espécie de anuncio do que ainda estava por vir. Um aviso sobre o sexto trabalho da banda, que após três anos de espera acaba de chegar.

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Sob o emblemático e cômico nome de As Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa (2011, Independente), a sexta obra musical do Mundo Livre S/A chega perfumada pelas já caricatas referências ao samba rock, com a banda sempre esbanjando sua peculiaridade caliente e dançante. Assim como nas anteriores experiências musicais do grupo, doses essenciais de eletrônica vão se acomodando no interior da obra, gerando assim uma mistura orgânico futurística em cada uma das faixas. Mais uma vez a simbiose musical do grupo está em pleno vapor.

Sempre marcado por seus versos bem humorados, Fred 04 surge como uma figura entusiasmada ao longo do álbum, cruzando trocadilhos cômicos em O Velho James Brause Já Dizia ou ironizando a legislação e a distribuição musical em Cabocopyleft. O músico até brinca com os Indies e Emos na divertida Ela é Indie, tirando um tempo para cutucar a religão em duas faixas – Se eu Tivesse Fé/Fucking Shit e Nenhum Cristão na Via Láctea -, montando assim um vasto catálogo de distintas temáticas, algo bem característico dos primeiros trabalhos da banda.

Diferente do disco de 2004, em As Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa o grupo segue de forma mais solta, não esbarrando na temática conceitual de outrora e que acabou revelando uma veia essencialmente politizada da banda. Entre personagens imaginários variados e um universo de volumosas predisposições musicais, em seu sexto disco os recifenses acertam mais uma vez, entrelaçando um conjunto de 11 composições instrumentalmente primorosas, versos sempre bem projetados e um tipo de energia e mistura que apenas o grupo parece conhecer a fórmula.

 

As Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa (2011, Independente)

 

Nota: 8.3
Para quem gosta de: Maquinado, Nação Zumbi e Otto
Ouça: Cabocopyleft, Ela é Indie e O Velho James Brause Já Dizia

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.