Cozinhando Discografias: Arctic Monkeys

/ Por: Cleber Facchi 24/09/2012

Por: Carlos Botelho

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Antes de qualquer coisa vamos explicar do que se trata nossa nova coluna. O Cozinhando Discografias consiste basicamente em falar de todos os álbuns de um artista ignorando a ordem cronológica dos lançamentos. E qual o critério usado então? A resposta é simples, mas o método não: a qualidade. Dentro desse parâmetro temos uma série de fatores determinantes envolvidos, que vão da recepção crítica do disco no mercado fonográfico, além, claro, dentro da própria trajetória do grupo e seus anteriores projetos. Vale ressaltar que além da equipe do Miojo Indie, outros blogs parceiros foram convidados para suas específicas opiniões sobre cada um dos trabalhos, tornando o resultado da lista muito mais democrático e pontual.

Aviso: Não concordou com a ordem dos discos? Simples, mantenha a calma e use os comentários.

E para começar a coluna com o pé direito vamos “reorganizar” a discografia dos queridinhos do Arctic Monkeys, que com apenas quatro álbuns no currículo já são nome de peso no cenário musical atual.

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#5. Suck It and See
(2011, Domino Records)

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Já iniciamos a lista totalmente às avessas, Suck It and See é o quarto registro da banda em estúdio e é o álbum que teve menor aprovação de crítica e público. O disco em hipótese alguma é ruim, mas foge dos padrões “Arctic Monkeys de Qualidade”, o que é bem visível no tom genérico das canções e principalmente das letras, que são o diferencial de Alex Turner nos trabalhos anteriores. As músicas mantêm a sonoridade mais pesada e menos dançante adotada no registro anterior de um modo mais suave, mas sem o toque primoroso e certeiro de Josh Homme, o que torna o trabalho desnorteado. Alex Turner arrumou o cabelinho e mudou o guarda-roupa, atitudes que fariam a ex-namorada e it girl Alexa Chung se orgulhar, mas infelizmente esqueceu de manter o nível em seu trabalho. Apesar de tudo, Suck It and See está longe de ser uma mancha negra na carreira do grupo e rumores apontam que as gravações do quinto disco estão a caminho. Teremos mais um trabalho abaixo da média ou seremos surpreendidos com algo realmente bom? Quem viver verá.

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Arctic Monkeys

#04. AM
(2013, Domino)

Um passeio pela década de 1970 e Alex Turner trouxe ao público a base para o quinto registro em estúdio da banda, AM. Sequência da proposta apresentada em 2009, com Humbug, o registro ameniza as guitarras e vozes do quarteto em uma atmosfera de natureza ainda mais nostálgica do que a do trabalho anterior, princípio para que o grupo abandone a crueza de Suck It and See com visível propriedade. Ainda que sustentado em cima de pequenas colagens referenciais – indo de Black Sabbath ao trabalho do Queens Of The Stone Age -, a bem aproveitada incursão em estúdio serve para que a banda possa extrair faixas de caráter convincente. É o caso de Do I Wanna Know?, com uma das melhores sequências de guitarras já planejadas pelo grupo, e No.1 Party Anthem, uma típica balada no melhor estilo do grupo britânico. O destaque, entretanto, não está no rock, mas nos flertes com o Soul/R&B, base para o que engrandece músicas como Snap Out of ItKnee Socks, alguns dos parcos instantes de verdadeira novidade instalados no trabalho.

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#3. Favourite Worst Nightmare
(2007, Domino Records)

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O lançamento do segundo álbum é um divisor de águas na carreira de qualquer grupo que tenha um debut aclamado, podendo até acabar com a própria. Com o Arctic Monkeys não foi diferente e Favourite Worst Nightmare cumpriu sua missão e mostrou ao mundo que os garotos ingleses ainda tinham bala na agulha. As músicas mostraram uma pequena mudança em sua sonoridade, o que foi descrito pela crítica geral como um som mais rápido em relação ao trabalho anterior. As letras ganharam mais intensidade, algo que pode ser comparado com as mudanças de enredo da primeira para a segunda temporada do seriado conterrâneo Skins, se levarmos em conta a temática de dramas da passagem da adolescência para a vida adulta. O álbum ainda carrega dois grandes hits do grupo, a frenética Brianstorm e a envolvente e reflexiva Fluorescent Adolescent.

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#2. Humbug
(2009, Domino Records)

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Amadurecer é essencial na vida de todos e nada melhor que refletir essas mudanças musicalmente. Humbug faz exatamente isso e em todos seus aspectos, tudo é mais maduro, das composições às melodias. Sob a produção e forte influência do ex-eterno-bad boy Josh Homme (frontman do Queens of the Stone Age), o álbum ganhou identidade mais próxima ao rock ‘n’ roll e ao mesmo tempo sombria, o que fugiu totalmente das guitarras rápidas e dançantes dos dois trabalhos anteriores. O trabalho é uma reinvenção do som dos primatas e sair da zona de conforto é sempre um golpe arriscado, mas nesse caso foi mais que certeiro. Uma curiosidade sobre o disco é que ele foi todo gravado nas terras do tio Sam e a maior influência do trabalho são os Beatles, segundo o próprio Alex Turner.

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#1. Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not
(2006, Domino Records)

Como não reservar o primeiro lugar dessa lista para um álbum que já é um clássico moderno? Os feitos do disco já começam pelas vendas. Graças a elas os Monkeys conseguiram o recorde de artista novo que vendeu mais rápido, perdendo o título recentemente para o fenômeno Susan Boyle. Negócios a parte, o álbum tem tudo que consagrou o grupo: rock de garagem aliado à condução precisa e contagiante dos instrumentais e aos vocais carismáticos de Alex Turner. As letras são imersas em um mundo de conflitos pós-adolescentes e desde o início Alex já demonstrava suas exímias habilidades como compositor. O álbum foi aclamado pela crítica especializada e recebeu diversos prêmios, muitos deles de álbum do ano. Desde essa época o Arctic Monkeys se consolidou no perfil de bandas “mainstream do underground”, pois ganharam o grande público com um tipo de música fora do circuito comercial. E é assim que esses macaquinhos espertos conquistaram seu lugar ao sol e hoje eles têm espaço garantido tanto em um festival fora dos holofotes, quanto em uma grande cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.