Imagine que diferentes gêneros, cenas, colaboradores e tendências fossem agrupadas dentro de um único registro. Obra de detalhes e referências que apontam para diferentes campos da música, a estreia do quarteto recifense A Banda de Joseph Tourton estabelece justamente nessa criativa colisão de ideias a base para cada uma das canções que recheiam o disco. Produto das ideias e experiências compartilhadas entre os músicos Gabriel Izidoro, Pedro Bandeira, Rafael Gadelha e Diogo Guedes, o trabalho que ainda conta com a presença do trompetista Guilherme Mendonça, o Guizado, o pianista Vítor Araújo, China e membros do coletivo Móveis Coloniais de Acaju, vai do jazz à cultura regionalista, do experimentalismo eletrônico à doce psicodelia de forma sempre inexata, riqueza que se reflete até a derradeira After Work Ganja.

São pouco mais de 50 minutos em que o grupo pernambucano convida o ouvinte a se perder em um território de pequenas incertezas, estrutura que se reflete tão logo o disco tem início, na introdutória 16 Minutos, mas que ganha ainda mais destaque à medida em que o trabalho avança. Dentro desse cenário de formas delirantes, surgem faixas como a turbulenta 100m, o rock borbulhante de Provolone ou mesmo criações capazes de dialogar com uma parcela maior do público, marca das acessíveis A Festa de Isaac e Aquaplanagem. Composições que passeiam por diferentes campos da música, proposta que voltaria a se repetir oito anos mais tarde, durante o lançamento do segundo e também detalhista álbum de estúdio do quarteto.

Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.