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Crítica

Arthur Verocai

: "No Voo do Urubu"

Ano: 2016

Selo: Selo Sesc

Gênero: MPB, Bossa Nova, Jazz

Para quem gosta de: Marcos Valle e João Donato

Ouça: No Voo Do Urubu e O Tempo e o Vento

9.0
9.0

Arthur Verocai: “No Voo do Urubu”

Ano: 2016

Selo: Selo Sesc

Gênero: MPB, Bossa Nova, Jazz

Para quem gosta de: Marcos Valle e João Donato

Ouça: No Voo Do Urubu e O Tempo e o Vento

/ Por: Cleber Facchi 12/05/2020

Responsável por uma das obras mais cultuadas e hoje influentes da música brasileira, o homônimo debute de 1972, Arthur Verocai fez do meticuloso No Voo do Urubu (2016), terceiro álbum de estúdio e sucessor do também distante Encore (2007), uma passagem para os novos tempos. Acompanhado por um time seleto de antigos e novos representantes da cena nacional, como Danilo Caymmi (Oh! Juliana!), Criolo (O Tambor), Vinícius Cantuária (A Outra) e Mano Brown (Cigana), o cantor, compositor, multi-instrumentista e arranjador carioca transita por entre gêneros e pequenas possibilidades em uma estrutura sempre detalhista, como se cada composição do disco amarrasse passado e presente de forma particular. Um colorido catálogo de ideias que transita por quase cinco décadas de música, riqueza que se reflete até a faixa de encerramento do registro, Desabrochando.

Não por acaso, o músico carioca inaugura o álbum com a composição que dá título ao trabalho. Um turbilhão orquestral que vai do jazz à bossa nova, do samba ao soul em uma estrutura que se completa pela voz destacada de Seu Jorge. “Sol, o supremo pintor / Arquiteto do mundo, Deus nosso senhor / Poderia criar / A cidade no monte com vista pro mar“, cresce a letra da canção que caminha em meio a paisagens descritivas de um Rio de Janeiro tão real quanto fictício. Um indicativo da poesia melancólica, sempre saudosista, que serve de sustento ao disco, conceito que se reflete com maior naturalidade em faixas assumidas individualmente pelo próprio artista, como a delicada O Tempo e o Vento (“Um pedaço de mim / O tempo apagou / Meus melhores momentos / Juventude, vida em fé“). Instantes em que o músico carioca observa de forma nostálgica a própria história, porém, sempre mirando o futuro.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.