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Crítica

Ava Rocha

: "Ava Patrya Yndia Yracema"

Ano: 2015

Selo: Independente

Gênero: Experimental, Rock Psicodélico, MPB

Para quem gosta de: Juçara Marçal e Karina Buhr

Ouça: Você Não Vai Passar e Coração Transeunte

9.0
9.0

Ava Rocha: “Ava Patrya Yndia Yracema”

Ano: 2015

Selo: Independente

Gênero: Experimental, Rock Psicodélico, MPB

Para quem gosta de: Juçara Marçal e Karina Buhr

Ouça: Você Não Vai Passar e Coração Transeunte

/ Por: Cleber Facchi 23/03/2020

Ava Patrya Yndia Yracema (2015) não é um disco. São vários. Do momento em que tem início, na percussão tribal de Boca do Céu, passando pelo romantismo empoeirado de Transeunte Coração, até alcançar o doce experimentalismo de Auto das Bacantes, cada fragmento do segundo álbum de Ava Rocha mostra o esforço da cantora e compositora carioca em se reinventar dentro de estúdio. São camadas de guitarras que se espalham de maneira inexata, ruídos e vozes tratadas como um instrumento torto, sempre versátil. “Queria um disco pop, inventivo, quente, político, sensual, um disco que reunisse uma série de elementos com uma linha inventiva, que a gente pudesse pirar”, disse em entrevista ao G1, indicativo da criativa colisão de ideias, ritmos e fórmulas pouco usuais que orientam a experiência do ouvinte até a última nota de Oceanos, faixa de encerramento do disco.

Pensado para os palcos, como um espetáculo vivo, o trabalho que conta com produção de Jonas Sá, parceiro da cantora durante toda a execução da obra, alterna entre instantes de fúria e criações marcadas pelo parcial recolhimento dos versos. Composições em que a artista canta sobre a própria angústia, como na crescente Você Não Vai Passar (“Você não vai passar de um cara que nunca tomou conta de mim“), ou mesmo atos de pura contemplação, marca da delicada Uma, homenagem à própria filha (“Ela, pequena amarela / No meio do escuro / Iluminada“). Um verdadeiro turbilhão sentimental e estético que encontra na permanente ruptura dos elementos um estímulo para a entrega de cada nova canção. Três anos mais tarde, a artista daria vida ao complementar Trança (2018), registro marcado pela mesma força dos arranjos e entrega explícita nos versos.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.