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Crítica

Best Coast

: "Always Tomorrow"

Ano: 2020

Selo: Concord

Gênero: Pop Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Wavves, Tennis e Vivian Girls

Ouça: For The First Time e True

6.0
6.0

Best Coast: “Always Tomorrow”

Ano: 2020

Selo: Concord

Gênero: Pop Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Wavves, Tennis e Vivian Girls

Ouça: For The First Time e True

/ Por: Cleber Facchi 28/02/2020

Ouvir as canções de Always Tomorrow (2020, Concord), quarto e mais recente álbum de estúdio do Best Coast, é como reencontrar um velho amigo depois de um longo período. As histórias compartilhadas são diferentes, mas a essência ainda é a mesma. De fato, do momento em que tem início, em Different Light, até alcançar a faixa de encerramento do disco, Used to Be, cada elemento do registro composto em parceria entre Bethany Cosentino e Bobb Bruno parece replicar a essência do introdutório Crazy for You (2010), registro que apresentou o trabalho da banda californiana há exatamente dez anos.

Se você pudesse me ver agora / Se você pudesse me entender / Se você pudesse sentir como eu me sinto / Vamos torcer para que fique um pouco mais do que antes … Tudo mudou / Eu gosto assim“, canta Cosentino logo nos primeiros minutos do disco, em Everything Has Changed, música que costura passado e presente de forma deliciosamente nostálgica. São versos ancorados em memórias e vivências da vocalista, mas que a todo momento parecem pensados para dialogar com as experiências do próprio ouvinte, direcionamento que se completa pelo uso de guitarras litorâneas, como uma extensão natural do tudo aquilo que a dupla de Los Angeles tem produzido desde os primeiros registros autorais.

São faixas como a inaugural Different Light, Graceless Kiss e a urgente Wreckage que mostram a capacidade de Cosentino e Bruno em resgatar uma série de elementos originalmente testados no rock dos anos 1960 e 1970, estrutura que passou por um novo direcionamento criativo durante a entrega dos antecessores The Only Place (2012) e California Nights (2015), mas que volta a se repetir no presente álbum. Guitarras, batidas e vozes que se revelam ao público em pequenas doses, sempre certeiras, efeito direto da produção de Carlos de la Garza, (M83, Tegan and Sara) e Justin Meldal-Johnsen (Paramore e Wolf Alice), parceiros da banda durante toda a execução da obra.

Mesmo ancorado em uma série de elementos há muito consolidados pela banda, interessante perceber no uso destacado dos sintetizadores um importante componente de transformação para o som do Best Coast. Exemplo disso está no pop oitentista de For The First Time, terceira faixa do disco. São melodias aprazíveis, a percussão complementar e versos sempre confessionais, proposta que encanta logo em uma primeira audição. “Eu pensava que morreria sem você / E sem, ofensa para você, mas eu estou indo muito bem / Porque finalmente estou livre / Eu me sinto novamente / Mas pela primeira vez“, canta.

É partindo desse mesmo direcionamento estético que Cosentino e Bruno entregam ao público algumas das principais faixas do disco. Canções como Master of My Own Mind, com suas guitarras e sintetizadores deliciosamente nostálgicos, Seeing Red, Make it Last ou mesmo a melancólica True, composição que reflete a capacidade da dupla e provar de músicas econômicas, porém, sempre sensíveis. Um precioso resgate conceitual que passeia por grande parte da discografia da banda californiana, porém, se permite avançar criativamente, apontando para novas possibilidades e direções criativas dentro de estúdio.

Pensado para quem há tempos acompanha o trabalho da banda, Always Tomorrow traz de volta o que há de mais característico na obra do Best Coast. Estão lá as habituais canções de (des)amor (Everything Has Changed), instantes de doce melancolia (True) e versos sempre contemplativos (For The First Time), indicativo da forte capacidade de Cosentino em dialogar com o público, mesmo partindo de inquietações e tormentos puramente particulares. Um olhar curioso para tudo aquilo que o grupo de Los Angeles vem produzindo desde o início da carreira, porém, regido por um fino toque de renovação.


Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.