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Crítica

BK

: "Castelos & Ruínas"

Ano: 2020

Selo: Pirâmide Perdida

Gênero: Hip-Hop, Rap, R&B

Para quem gosta de: Filipe Ret, NiLL e Sain

Ouça: Quadros e Amores, Vícios e Obsessões

9.0
9.0

BK: “Castelos & Ruínas”

Ano: 2020

Selo: Pirâmide Perdida

Gênero: Hip-Hop, Rap, R&B

Para quem gosta de: Filipe Ret, NiLL e Sain

Ouça: Quadros e Amores, Vícios e Obsessões

/ Por: Cleber Facchi 27/03/2020

Conhecido pelo trabalho como integrante do Nectar Gang, Abebe Bikala, o BK, fez das rimas como colaborador em diferentes registro da cena carioca um precioso exercício de apresentação. Nada que se compare ao material entregue no primeiro álbum em carreira solo, o soturno Castelos & Ruínas (2016). Concebido em meio a batidas secas que se espalham em uma base acinzentada, efeito direto da produção dividida entre El Lif Beatz e JXNVS, o disco de essência melancólica encontra em inquietações do artista fluminense o estímulo para algumas de suas composições mais expressivas. São rimas densas que se formam a partir de conflitos intimistas, memórias e vivências que embalam o cotidiano do próprio rapper, estrutura que se reflete tão logo a obra tem início, em Sigo na Sombra (“Passando por provações mesmo sem ser bom aluno / E foda-se o mundo, foda-se quem manda, foda-se meus inimigos / Meus estoque de foda-se é infinito“), e segue até a derradeira O Próximo Nascer do Sol (“Eu vim do futuro, eu nunca envelheço, eu nunca apodreço / Tipo o mel, BK sempre estará no jogo, assim como sol sempre estará no céu“).

De fato, para além da rápida audição, Castelos & Ruínas é um trabalho que exige ser desvendado pelo ouvinte. São retalhos líricos que se espalham de maneira lógica, porém, nunca óbvia. Canções que vão de referências à cultura pop ao que há de mais doloroso nas experiências pessoais do artista, proposta que acaba servindo de estímulo para algumas das composições mais expressivas do álbum, caso de Quadros (“Quando criança eu sonhava em crescer e ter todo o melhor dessa vida / Hoje sou um homem crescido, e a criança em mim ainda é viva”), Caminhos (“Ignorado por anjos, desabafei com demônios / Separei brigas dos dois, eu sou Deus, sou humano“) e a confessional Amores, Vícios e Obsessões (“Ela odeia as minhas mentiras, eu finjo acreditar nas dela / Ela quer fugir de mim / Eu busco refúgio dentro dela“). Da imagem de capa, inspirada na obra de Milton Nascimento, à construção dos versos, um precioso registro que encontra na riqueza dos detalhes seu principal componente criativo.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.