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Crítica

Constantina

: "Haveno"

Ano: 2011

Selo: La Petite Chambre

Gênero: Pós-Rock, Instrumental, Experimental

Para quem gosta de: Hurtmold e Kalouv

Ouça: Benjamin Guimarães e Juan, El Marinero

9.0
9.0

Constantina: “Haveno”

Ano: 2011

Selo: La Petite Chambre

Gênero: Pós-Rock, Instrumental, Experimental

Para quem gosta de: Hurtmold e Kalouv

Ouça: Benjamin Guimarães e Juan, El Marinero

/ Por: Cleber Facchi 10/03/2020

Haveno (2011) é um disco marcado pelos detalhes. Do momento em que tem início, na composição atmosférica de Imobilidade Tônica, música que parece saída de algum disco do Tortoise, passando pelo minimalismo eletrônico de Juan, El Marinero, ao fechamento de Monte Roraima, perceba como incontáveis camadas instrumentais surgem e desaparecem durante toda a execução da obra. São texturas de guitarras, a minúcia no tratamento da percussão, sintetizadores e inserções sempre pontuais, quase imperceptíveis, estrutura que força uma audição atenta por parte do ouvinte. Exemplo disso está nos mais de dez minutos de duração de Benjamin Guimarães, faixa que se revela ao público como um delicado labirinto instrumental, proposta que naturalmente aponta para o trabalho de estrangeiros como Explosions in the Sky e Godspeed You! Black Emperor, mas que em nenhum momento corrompe a identidade criativa do grupo mineiro.

De fato, tão logo tem início, na já citada faixa de abertura, evidente é o esforço de cada integrante da banda – na época formada por Andre Veloso, Bruno Nunes, Daniel Nunes, Gustavo Gazzola, Lucas Morais, Thiago Vieira e Tulio Castanheira –, em ampliar tudo aquilo que o grupo havia testado nos registros que antecedem. O resultado desse forte comprometimento criativo está na entrega de músicas regidas pela leveza dos arranjos, caso da detalhista Azul Marinho, ou mesmo faixas regidas pela turbulência dos elementos, estímulo para a crescente Bagagem Extra. Trata-se de uma obra marcada pela constante ondulação dos arranjos e delicada mudança de direção, proposta que se reflete na essência oceânica que serve de sustento ao disco, mas que orienta de maneira incerta a experiência do ouvinte até a última nota do trabalho.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.