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Crítica

Criolo

: "Nó Na Orelha"

Ano: 2011

Selo: Oloko Records

Gênero: Hip-Hop, Rap, MPB

Para quem gosta de: Emicida, Rodrigo Ogi e Rashid

Ouça: Subirosdoistiozin e Não Existe Amor em SP

9.5
9.5

Criolo: “Nó Na Orelha”

Ano: 2011

Selo: Oloko Records

Gênero: Hip-Hop, Rap, MPB

Para quem gosta de: Emicida, Rodrigo Ogi e Rashid

Ouça: Subirosdoistiozin e Não Existe Amor em SP

/ Por: Cleber Facchi 30/03/2020

Quando deu início ao processo de gravação de Nó Na Orelha (2011), Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo, havia decidido que esse seria seu último álbum de estúdio. Contudo, o que o artista criado na região do Grajaú, Zona Sul da cidade de São Paulo, não poderia prever, era que o trabalho concebido em parceria com Daniel Ganjaman (Instituto) e Marcelo Cabral (Passo Torto), viria a se transformar em uma das obras mais importantes da música brasileira em sua fase mais recente. Partindo de um exercício conceitual que transcende o rap, o registro gestado de forma caseira, em um estúdio improvisado, utiliza da criativa colagem de referências como estímulo para a composição dos elementos. Canções que vão do uso de ritmos latinos, como na introdutória Bogotá, ao bolero de Freguês da Meia Noite, porém, sempre preservando a força das rimas, marca de músicas como Grajuex e Sucrilhos.

Entretanto, para além do simples refinamento estético e diálogo com diferentes campos da música, sobrevive nos versos espalhados pela obra a passagem para uma dos exemplares mais sensíveis da nossa música. Canções como a semi-biográfica Subirosdoistiozin (“É, cença aqui, patrão, eu cresci no mundão / Onde o filho chora e a mãe não vê / E covarde são quem tem tudo de bom / E fornece o mal pra favela morrer“), ou mesmo a melancólica Não Existe Amor em SP (“Os bares estão cheios de almas tão vazias / A ganância vibra, a vaidade excita / Devolva minha vida e morra afogada em seu próprio mar de fel / Aqui ninguém vai pro céu“), em que o rapper paulistano sutilmente amplia tudo aquilo que havia testado no álbum anterior, Ainda Há Tempo (2006). Um misto de dor e celebração, versos descritivos e tormentos existencialistas, proposta que faz de Nó Na Orelha uma obra maior e mais complexa a cada nova audição.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.