Ponto de encontro para alguns dos nomes mais prolíficos das cena carioca, a estreia de Gabriel Bubu (guitarra e voz), Gustavo Benjão (guitarra e voz), Marcelo Callado (bateria e voz) e Ricardo Dias Gomes (baixo e voz) no Do Amor encontra no bom humor e delírio criativo de seus realizadores a base para grande parte das canções. São pouco menos de 50 minutos em que o ouvinte é convidado a se perder em um ambiente marcado pela criativa colagem de ritmos, personagens duvidosos e canções que passeiam por diferentes fases da música brasileira. Um curioso ponto de equilíbrio entre a pluralidade rítmica dos Novos Baianos e o lirismo ácido de nomes como Acabou La Tequila, estrutura que se reflete tão logo o disco tem início, em Vem Me Dar, e segue até a inusitada releitura de Lindo Lago do Amor, música originalmente lançada por Gonzaguinha no início dos anos 1980.

Completo pela presença de Nina Becker e produzido pelo experiente Chico Neves (Skank, Los Hermanos), a estreia do quarteto carioca não apenas reflete a versatilidade de seus realizadores, como antecede uma série de tendências que seriam explorados por diferentes artistas brasileiros no decorrer da década. Do uso de ritmos latinos e do olhar para a música paraense, em Isso é Carimbó, passando pelo flerte com o axé, marca de Perdizes e Pepeu Baixou em Mim, sobram momentos em que o grupo transita por entre gêneros de forma sempre curiosa. Mesmo músicas como a acessível Morena Russa e Chalé parecem jogar com a experiência do ouvinte, proposta que faz do bem-sucedido registro obra tão interessante hoje, quanto na época em que foi lançada.

Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.