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Crítica

Gal Costa

: "Recanto"

Ano: 2011

Selo: Universal Music

Gênero: Eletrônica, Rock, MPB

Para quem gosta de: Caetano Veloso e Marisa Monte

Ouça: Autotune Autoerótico e Miami Maculelê

9.0
9.0

Gal Costa: “Recanto”

Ano: 2011

Selo: Universal Music

Gênero: Eletrônica, Rock, MPB

Para quem gosta de: Caetano Veloso e Marisa Monte

Ouça: Autotune Autoerótico e Miami Maculelê

/ Por: Cleber Facchi 27/01/2020

O minimalismo explícito logo nos primeiros minutos de Recanto Escuro, faixa de abertura do trigésimo álbum de Gal Costa, funciona como um indicativo claro da trilha eletrônica percorrida pela cantora durante toda a execução da obra. Fuga do comodismo explícito em parte expressiva do material apresentado pela artista entre o final dos anos 1990 e início da década seguinte, o registro que conta com produção dividida entre Moreno e Caetano Veloso, esse último, também responsável pelos versos do trabalho, parte desse direcionamento econômico como estímulo para um trabalho que exige ser desvendado. Frações instrumentais e poéticas que se revelam ao público em pequenas doses, sem pressa, direcionamento que se completa pelo lirismo enigmático das canções, sempre imersas em paisagens urbanas (Neguinho) e instantes de doce melancolia (Tudo Dói).

Precioso exercício de estilo, conceito reforçado na metalinguística Autotune Autoerótico, o trabalho de 11 faixa parte dessa formatação eletrônica e do entendimento da fórmula como estímulo para a lenta desconstrução dos elementos. São camadas instrumentais, ruídos e sintetizadores que se revelam ao público de maneira instável, ponto de partida para o jazz torto de Mansidão ou mesmo a tropical Miami Maculelê, canção que se entrega ao funk carioca, porém, preservando a essência inexata que rege o restante da obra. Completo pela delicada interpretação ao vivo do registro, lançada dois anos mais tarde, Recanto ainda serviria de base para o reposicionamento criativo da cantora ao longo da década, efeito da boa repercussão em torno dos sucessores Estratosférica (2015) e A Pele Do Futuro (2018).



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.