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Crítica

Friendly Fires

: "Inflorescent"

Ano: 2019

Selo: Polydor

Gênero: Indie Pop, Dance, Eletrônica

Para quem gosta de: Disclosure e Foals

Ouça: Heaven Let Me In e Love Like Waves

7.0
7.0

“Inflorescent”, Friendly Fires

Ano: 2019

Selo: Polydor

Gênero: Indie Pop, Dance, Eletrônica

Para quem gosta de: Disclosure e Foals

Ouça: Heaven Let Me In e Love Like Waves

/ Por: Cleber Facchi 23/08/2019

De todos os grupos ingleses que surgiram na segunda metade dos anos 2000, como Late of The Pier e Klaxons, o Friendly Fires talvez seja o que melhor soube como preservar a essência dançante dos primeiros registros e fazer disso um estímulo para cada novo álbum de estúdio. Trabalhos concebidos em uma medida própria de tempo, sem pressa, proposta que se repete no lento processo de composição do recente Inflorescent (2019, Polydor), obra que levou oito anos até ser finalizada e entregue ao público fiel do trio composto por Ed Macfarlane, Jack Savidge e Edd Gibson.

Naturalmente guiado pela força das batidas, conceito que vem sendo aprimorado pela banda desde a estreia com o homônimo álbum de 2008, o registro de 11 faixas rapidamente convida o ouvinte a dançar. Do momento em que tem início em Can’t Wait Forever, música marcada pela riqueza dos sintetizadores, linha de baixo destacada e naipe de metais, até alcançar a derradeira Run The Wild Flowers, com suas batidas e vozes sobrepostas, cada elemento do disco parece pensado para arrastar o público para as pistas.

Parte dessa estrutura vem forma como o próprio trabalho foi concebido. Para a produção de Inflorescent, o grupo britânico decidiu estreitar a relação com alguns dos principais produtores da eletrônica inglesa. São nomes como Mark Ralph (AlunaGeorge, Years & Years), Alex Metric (Daft Punk, Charli XCX), Hal Ritson (Chemical Brothers, Katy Perry) e o experiente James Ford (Arctic Monkeys, Florence + The Machine), uma das metades do Simian Mobile Disco. Ideias e interferências pontuais que garantem frescor à obra, tornando a experiência de ouvir o disco sempre aprazível.

Exemplo disso ecoa com naturalidade em Heaven Let Me In. Trata-se de uma colaboração entre o trio britânico com os irmãos Howard e Guy Lawrence, do Disclosure. Pouco menos de cinco minutos em que os integrantes do Friendly Fires vão de encontro ao mesmo pop tropical detalhado em Pala (2011), porém, absorvendo as camadas de vozes e sintetizadores típicos da dupla de produtores. Um precioso cruzamento de referências que vai da música eletrônica da década de 1990 ao pop dos anos 2000, como um indicativo claro da colagem de ritmos que rege o disco.

É partindo desse conceito diverso que o trio entrega ao público desde faixas marcadas pela leveza dos elementos, até músicas de essência grandiosa, prontas para as pistas. Vem do primeiro grupo a colorida Kiss and Rewind, um pop ensolarado e romântico, como uma extensão do lirismo confessional explícito no primeiro disco da banda. Na segunda porção do trabalho, faixas como Love Like Waves, música que se espalha em meio a sintetizadores festivos, costurando décadas de referências de forma sempre divertida, conceito também replicado em composições como Silhouettes e Almost Midnight.

Dividido entre o som pegajoso que embala o primeiro álbum de estúdio da banda e a euforia de Pala, Inflorescent revela ao público um Friendly Fires equilibrado. Perceba como o grupo, mesmo nos momentos de maior expressividade rítmica, mantém firme a composição das batidas, melodias e vozes, como uma propositada fuga de possíveis excessos. O resultado desse forte comprometimento estético está está na produção de uma obra que sobrevive para além da audição inicial, convidando o ouvinte a se perder em meio a camadas de sintetizadores e sobreposições detalhistas.


Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.