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Crítica

Mark Ronson

: "Late Night Feelings"

Ano: 2019

Selo: RCA / Sony

Gênero: Pop, Dance, Disco

Para quem gosta de: Carly Rae Jepsen e Michael Jackson

Ouça: Late Night Feelings e True Blue

7.5
7.5

“Late Night Feelings”, Mark Ronson

Ano: 2019

Selo: RCA / Sony

Gênero: Pop, Dance, Disco

Para quem gosta de: Carly Rae Jepsen e Michael Jackson

Ouça: Late Night Feelings e True Blue

/ Por: Cleber Facchi 04/07/2019

Na contramão de outros nomes recentes da música pop, talvez inclinados em garantir uma obra consistente, marcada pelo crescimento a cada novo álbum de inéditas, Mark Ronson vem fazendo de cada registro autoral a passagem para um novo conceito e reformulado universo temático. Da passagem pelo pop dos anos 1980, no empoeirado Record Collection (2010), passando pelo diálogo com o soul/funk da década de 1970, em Uptown Special (2015), evidente é o esforço do artista em brincar com a própria identidade criativa.

Em Late Night Feelings (2019, RCA / Sony), quinto e mais recente álbum de estúdio do músico inglês, a mesma busca por novas possibilidades. Também ancorado na produção dos anos 1970, Ronson avança no tempo para dialogar com a atmosfera dançante que marca a segunda metade do período. São variações instrumentais e poéticas que naturalmente arrastam o ouvinte para as pistas, estrutura que se reflete no crescente arranjo de cordas da inaugural Late Night Prelude e segue até o último instante da obra.

Para a produção do álbum, Ronson mais uma vez contou com a colaboração de um time seleto de vozes femininas, compositores e instrumentistas vindos de diferentes campos da música, proposta que vem sendo incorporada desde a estreia com Here Comes the Fuzz (2003). A principal diferença em relação a outros registros assinados pelo produtor, como o mediano Version (2007), está na forma como artista não apenas preserva a essência do disco, como adapta o estilo de cada convidado ao conceito da obra.

Exemplo disso está na bem-sucedida colaboração com Miley Cyrus, em Nothing Breaks Like a Heart. Entre versos dolorosamente românticos e batidas dançantes, Ronson transporta o ouvinte para o passado, esbarrando na mesma atmosfera de clássicos como Don’t Let Me Be Misunderstood, do grupo franco-americano Santa Esmeralda. O mesmo cuidado na composição das arranjos, batidas e vozes ecoa com naturalidade na faixa-título do disco. São pouco mais de quatro minutos em que o produtor joga com os instantes, criando pequenas brechas criativas para a voz entristecida da convidada, a cantora e compositora sueca Lykke Li.

Mesmo dentro desse universo de pequenos acertos, curioso perceber a forma como Ronson lida com o tempo, mergulhando na composição de faixas econômicas e sensíveis, como uma fuga de possíveis excessos. É o caso de Pieces of Us, delicada colaboração com King Princess, e uma propositada ruptura criativa em relação a outros trabalhos do gênero, sempre quentes, prontos para as pistas. Outro perfeito exemplar desse som cuidadoso ecoa com naturalidade em True Blue, inusitado encontro com Angel Olsen que parece transportar para as pistas parte da atmosfera evidente no último álbum de estúdio da cantora e compositora norte-americana, o doloroso My Woman (2016).

Completo pela presença da jovem Yebba, parceira em três das 13 faixas do disco, além, claro, de colaboradoras como Camila Cabello (Find U Again), Alicia Keys (Truth), Diana Gordon (Why Hide) e Ilsey (Spinning), Late Night Feelings ganha ainda mais destaque quando voltamos os olhos para o time de parceiros que estiveram envolvidos nos bastidores do disco. São nomes como Romy Madley Croft e Jamie XX, ambos integrantes do The XX, Kevin Parker, do Tame Impala, e toda uma gama de músicos ingleses que contribuíram para o refinamento nostálgico dado ao registro.


Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.