Image

Ano: 2017

Selo: Independente

Gênero: Hip-Hop, Rap, Pop

Para quem gosta de: Rico Dalasam e Karol Conká

Ouça: Bixa Travesty e Bomba Pra Caralho

9.0
9.0

Linn da Quebrada: “Pajubá”

Ano: 2017

Selo: Independente

Gênero: Hip-Hop, Rap, Pop

Para quem gosta de: Rico Dalasam e Karol Conká

Ouça: Bixa Travesty e Bomba Pra Caralho

/ Por: Cleber Facchi 24/04/2020

Ser bicha não é só dar o cu / É também poder resistir“. Os versos lançados por Linn da Quebrada logo nos primeiros minutos de (Muito +) Talento, faixa de abertura em Pajubá (2017), apontam a direção seguida pela artista paulistana durante toda a execução do primeiro álbum de estúdio da carreira. São composições marcadas pelo forte discurso político, como Bomba Pra Caralho (“Quem morre sou eu / Ou sou eu quem mata?“) e Bixa Travesty (“Bicha, travesti, de um peito só, o cabelo arrastando no chão / E na mão, sangrando, um coração“), porém, pontuadas por momentos de maior leveza. Exemplo disso ecoa com naturalidade no encontro com Pepita, em Dedo Nucué (“Que cool, que cool é esse? / Quem quer cair dentro dele?“), e Glória Groove, na divertida Necomancia (“Eu ando pronta pra assustar / Mas, isso não é halloween / A gente tá tão bonita / Só por que é drag queen“). Canções que rapidamente convidam o ouvinte a dançar, estrutura que vai do trap ao pop eletrônico em uma criativa colagem de ideias.

Parte desse resultado vem da interferência direta e minúcia de Rafaela Andrade, a Badsista, produtora e parceira da rapper durante toda a execução do álbum. São criações que atravessam as pistas, como em Transudo e Pirigoza, bebem da cultura dos ballrooms, marca da intensa Coytada, e ainda provam de fórmulas pouco convencionais, como no experimentalismo minimalista de Bomba Pra Caralho e na brasilidade de Serei A, encontro com Liniker e os Caramelows. Com título inspirado no dialeto de resistência criado pela comunidade LGBTQIA+, Pajubá não apenas serviu para apresentar o trabalho de Linn da Quebrada a uma parcela maior do público, como resultou em uma sequência de remixes complementares, colaborações com artistas internacionais e uma seleção de faixas regidas pelo mesmo direcionamento criativo. Da icônica imagem capa aos versos, um registro que já nasce clássico.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.