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Crítica

Luedji Luna

: "Um Corpo No Mundo"

Ano: 2017

Selo: YB Music

Gênero: MPB, Soul, Jazz

Para quem gosta de: Xênia França e Serena Assumpção

Ouça: Banho de Folhas, Asas e Acalanto

8.8
8.8

Luedji Luna: “Um Corpo No Mundo”

Ano: 2017

Selo: YB Music

Gênero: MPB, Soul, Jazz

Para quem gosta de: Xênia França e Serena Assumpção

Ouça: Banho de Folhas, Asas e Acalanto

/ Por: Cleber Facchi 14/01/2020

Corpos negros, a força da ancestralidade feminina e a leveza dos arranjos em contraste à dureza dos versos. Feito para ouvir aos poucos, sem pressa, Um Corpo No Mundo (2017) dita com delicadeza o caminho percorrido pela cantora e compositora Luedji Luna durante toda a execução do primeiro álbum em carreira solo. Canções de essência intimista, sempre sensíveis, como se cada fragmento do disco fosse pensado para traduzir as emoções e vivências da artista baiana. “Eu sou um corpo, um ser, um corpo só / Tem cor, tem corte, e a história do meu lugar / Eu sou a minha própria embarcação / Sou minha própria sorte“, canta na delicada faixa-título do trabalho, composição que ganha forma em meio a entalhes percussivos, metais e guitarras trabalhadas de forma sempre atmosférica, conceito que atravessa a forte espiritualidade dos terreiros de Umbanda para aportar em referências jazzísticas e diálogos com a música brasileira em sua forma mais pura.

Síntese dessa evidente força criativa e leveza ecoa com naturalidade próximo ao encerramento do disco, em Banho de Folhas. São pouco mais de seis minutos em que a voz da cantora se espalha em meio a guitarras africanas e tambores minuciosos que se completam pela poesia cíclica da cantora, como um mantra – “Para afastar o mal / Para afastar a inveja / Para atrair o amor / Para atrair o que for bom“. De fato, do momento em que tem início, em Asas (“Para que te quero, asas? / Se eu tenho ventania dentro / Eu fiz até uma tempestade“), passando pela composição de faixas como Acalanto (“Eu vou andando pelo mundo com posso / E me refaço em cada passo dado“), cada fragmento do disco parece tratado com extrema delicadeza. Harmonias e vozes que se entrelaçam em uma medida própria de tempo, como a passagem para um universo misterioso, íntimo da cantora baiana.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.