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Crítica

Luiza Lian

: "Azul Moderno"

Ano: 2018

Selo: Risco

Gênero: Art Pop, MPB, Experimental

Para quem gosta de: Céu, Papisa e Luisa Maita

Ouça: Azul Moderno, Mira e Iarinhas

9.5
9.5

Luiza Lian: “Azul Moderno”

Ano: 2018

Selo: Risco

Gênero: Art Pop, MPB, Experimental

Para quem gosta de: Céu, Papisa e Luisa Maita

Ouça: Azul Moderno, Mira e Iarinhas

/ Por: Cleber Facchi 11/05/2020

A inevitável fluidez da passagem do tempo, religiosidade, versos consumidos pela saudade e a imensidão da alma feminina. Em Azul Moderno (2018), terceiro e álbum de estúdio de Luiza Lian, cada fragmento do registro oculta e ao mesmo tempo revela um sem-número de experiências particulares e conflitos intimistas vividos pela cantora e compositora paulistana. Composições de essência contemplativa, sempre tocantes, como sussurros poéticos que se moldam de forma a dialogar com as vivências de qualquer indivíduo. Último capítulo da sequência de obras produzidas desde o autointitulado debute, de 2015, o sucessor do elogiado Oyá Tempo (2017) preserva a essência eletrônica do registro que o antecede, porém, adota um novo direcionamento estético. São canções que partem das orquestrações e arranjos cuidadosamente trabalhados por Tim Bernardes, porém, crescem nas experimentações, ruídos e recortes propostos por Charles Tixier, parceiro da artista durante toda a execução da obra.

Dentro desse território marcado pela criativa colisão de ideias, Lian vai de canções pontuadas por temáticas ecológicas, como no samba urbano de Iarinhas (“Essa rua tem o nome de um rio que a cidade sufocou“), ao acabamento místico de Mira (“Eu estava na beira da praia e ouvi / Uma voz me chamar / Quando olhei pro horizonte / Vi uma estrela refletida no mar“) e Pomba Gira do Luar (“Pomba Gira do Luar, Oiá / Me concede este lindo poder / Pra tua Luz vir vigorar“). Um lento desvendar de ideias e experiências sentimentais que ganha ainda mais destaque na autointitulada faixa de encerramento, canção que estabelece no lirismo melancólico um misto de despedida e busca por recomeço (“Olho pra estrada, solto a sua mão / Agradeço a caminhada / Mas eu vou em outra direção“). Frações poéticas que se espalham em uma cama de pequenas incertezas, romances passageiros e memórias perfumadas pela saudade, como um convite a se perder pelo infinito particular da cantora.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.