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Crítica

Metronomy

: "Metronomy Forever"

Ano: 2019

Selo: Because

Gênero: Indie Pop, Synthpop

Para quem gosta de: Hot Chip e Friendly Fires

Ouça: Lately e Salted Caramel Ice Cream

7.0
7.0

Metronomy: “Metronomy Forever”

Ano: 2019

Selo: Because

Gênero: Indie Pop, Synthpop

Para quem gosta de: Hot Chip e Friendly Fires

Ouça: Lately e Salted Caramel Ice Cream

/ Por: Cleber Facchi 25/09/2019

O tempo trouxe benefícios consideráveis para a obra do Metronomy. Se em início de carreira Joseph Mount e seus parceiros de banda pareciam simplesmente brincar com as possibilidades, jogando com diferentes fórmulas e conceitos aleatórios, com o amadurecimento criativo, em The English Riviera (2011), o grupo, hoje completo por Oscar Cash, Anna Prior, Olugbenga Adelekan e Michael Lovett, não apenas passou a adotar uma sonoridade específica, como tem feito dessa criativa base temática o estímulo para cada novo registro de inéditas. Um misto de conforto e permanente transformação, estrutura que ganha novo resultado nas canções de Metronomy Forever (2019, Because).

Sexto álbum de estúdio do coletivo britânico, o trabalho de 17 faixas e pouco mais de 50 minutos de duração segue exatamente de onde o grupo parou no antecessor Summer 08 (2016). São sintetizadores e melodias nostálgicas, a linha de baixo suculenta, sempre destacado, e vozes trabalhadas de forma cíclica, como se pensadas para capturar a atenção do ouvinte logo nos primeiros minutos. O bom e velho Metronomy de sempre, porém, sem necessariamente fazer disso o estímulo para uma obra que preguiçosa.

Exemplo disso está na atmosférica Walking In The Dark. São pouco mais de três minutos em que Mount e seus parceiros de banda passeiam em meio a melodias cósmicas e batidas pontuais, cercando e confortando o ouvinte. Em Lately, quarta faixa do disco, guitarras e vozes que encolhem e crescem a todo instante, estrutura anteriormente testada em Love Letters (2014), um dos principais trabalhos do grupo inglês. A própria Wedding Bells, próxima ao encerramento do disco, mostra o esforço do quinteto em fazer da própria assinatura conceitual o estímulo para novas possibilidades, vide o tratamento dado aos sintetizadores.

De fato, quando observado em relação aos antigos trabalhos da banda, Metronomy Forever talvez seja o registro em que o quinteto mais se permite avançar criativamente. É o caso de Insecurity, logo na abertura do disco. Distante dos habituais sintetizadores e temas minimalistas que há tempos embalam os trabalhos do grupo londrino, a canção marcada pelo uso das guitarras e versos semi-declamados mostra a tentativa do grupo em se reinventar mesmo preservando a própria identidade. Difícil não lembrar de Devo, The Cars e demais veteranos da década de 1980, efeito da base empoeirada que serve de sustento aos versos confessionais lançados por Mount.

Surgem ainda faixas como Lying Low, canção de essência eletrônica que mostra a tentativa do grupo inglês em dialogar com as pistas dos anos 1990, lembrando o trabalho de Mount em Honey (2018), último álbum de Robyn. Em Forever Is a Long Time, abstrações atmosféricas que apontam para a música produzida nos anos 1970, como uma tentativa clara da banda em dialogar com a obra de Vangelis e outros produtores do período. Nada que prejudique a formação de faixas como The Light e Whitesand Boy, ainda íntimas dos registros mais acessíveis da banda.

Mesmo consumido pelo número excessivo de faixas, Metronomy Forever em nenhum momento deixa de parecer uma obra detalhista e dinâmica, atraindo a atenção do ouvinte a partir do esmero de Mount. Seja nos sintetizadores da pegajosa Salted Caramel Ice Cream, música que parece saída de The English Riviera, ou nos interlúdios de Driving e Insecure, há sempre o esforço do artista inglês em seduzir o ouvinte pela minúcia dos elementos. São fragmentos de vozes, batidas e melodias pontuais que mostram o esforço do quinteto em romper com o óbvio mesmo dentro de um território há muito desbravado pela própria banda.


Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.