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Ano: 2016

Selo: Sesc

Gênero: MPB, Soul, Música Folclórica

Para quem gosta de: Luedji Luna e Juçara Marçal

Ouça: Pavão, Xangô e Oxum

8.8
8.8

Serena Assumpção: “Ascensão”

Ano: 2016

Selo: Sesc

Gênero: MPB, Soul, Música Folclórica

Para quem gosta de: Luedji Luna e Juçara Marçal

Ouça: Pavão, Xangô e Oxum

/ Por: Cleber Facchi 21/01/2020

Uma reverência à herança africana, o emocionado canto em agradecimento e a inevitável despedida. Concebido em um intervalo de mais de três anos, Ascensão (2016), primeiro e único álbum de Serena Assumpção (1977-2016), nasce como uma homenagem “aos ancestrais da música” que ensinaram a cantora e compositora paulistana a “emitir e segurar cada nota“, como resume o texto de apresentação do trabalho. Frações instrumentais e poéticas que utilizam das vivências em terreiros de religiões afro-brasileiras, memórias e experiências sentimentais como um estímulo para a composição de cada uma das 13 faixas que recheiam o registro, sempre dedicadas a um orixá diferente. Canções que se revelam ao público em pequenas doses, sem pressa, estrutura que faz do registro uma obra quase documental, como um compilado de rituais do candomblé, versos em domínio público e canções divididas entre a cantora e Gilberto Martins.

Produzido em parceria entre Pipo Pegorar, DiPa e a própria artista, o trabalho ganha ainda mais destaque por servir de encontro para as mais variadas vozes e instrumentistas vindos de diferentes campos da música. São nomes como Tulipa Ruiz (Ogum), Céu (Iemanjá), Juçara Marçal (Xangô), Moreno Veloso (Oxumaré) Curumin e Anelis Assumpção (Pavão) que correm por entre as brechas do disco, ampliando a essência mística que orienta a experiência do ouvinte até a faixa de encerramento do álbum, Do Tata Nzambi, criação completa pelo coletivo Source de Vie, da República Democrática do Congo. Embora finalizado nos últimos meses de vida de Assumpção, na época em tratamento contra um câncer de mama, Ascensão seria apresentado ao público somente meses após a morte da cantora, funcionando como um doloroso, porém, acolhedor exercício de despedida.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.