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Crítica

SG Lewis

: "Times"

Ano: 2021

Selo: Virgin EMI / PMR

Gênero: Eletrônica, Dance, Pop

Para quem gosta de: Disclosure e Channel Tres

Ouça: Impact, Back To Earth e One More

7.5
7.5

SG Lewis: “Times”

Ano: 2021

Selo: Virgin EMI / PMR

Gênero: Eletrônica, Dance, Pop

Para quem gosta de: Disclosure e Channel Tres

Ouça: Impact, Back To Earth e One More

/ Por: Cleber Facchi 23/02/2021

Cantor, compositor e produtor britânico, SG Lewis passou grande parte da última década se revezando em uma série de colaborações com diferentes nomes da música pop. De remixes para Jessie Ware e Disclosure, passando pelo encontro com AlunaGeorge, Totally Enormous Extinct Dinosaurs e Clairo, até alcançar a recente participação em Future Nostalgia (2020), onde assina a produção de Hallucinate, uma das principais faixas do segundo álbum de Dua Lipa, sobram momentos em que o artista original de Reading evidencia a capacidade de fazer o ouvinte dançar, tratamento que ganha ainda mais destaque com a chegada de Times (2021, Virgin EMI / PMR).

Primeiro álbum de estúdio de Lewis, o trabalho de dez faixas nasce como um acumulo natural de tudo aquilo que o produtor britânico tem revelado desde o início da carreira. São canções que apontam para a música disco, evocam a obra de veteranos como Timbaland e The Neptunes, e a todo momento estabelecem na relação com diferentes colaboradores um necessário elemento de ruptura criativa. Registros que preservam a essência dançante das primeiras composições do artista, porém, capazes de jogar com as possibilidades durante toda a execução da obra.

Exemplo disso pode ser percebido na sequência formada por One More e Heartbreak On the Dancefloor. Enquanto a primeira composição reflete o lado saudosista de Lewis, efeito direto da participação de Nile Rodgers e da sonoridade que remete ao clássico Discovery (2001), do Daft Punk, com a canção seguinte, parceria com a cantora Frances, somos transportados para o lado mais introspectivo da obra. Da bateria eletrônica que aponta para o R&B dos anos 1980 ao uso instrumental das vozes, sempre etéreas, tudo soa como uma tentativa do artista em testar os próprios limites em estúdio.

O resultado desse processo está na entrega de uma seleção de faixas que convidam o ouvinte a dançar, porém, a todo momento utilizam de novas abordagens criativas. São canções como Feed the Fire, pareceria com Lucky Daye, que cresce na linha de baixo pulsante e camadas de sintetizadores, ou mesmo a extensa All We Have, colaboração com Lastings que vai de Chemical Brothers a Basement Jaxx em uma clara homenagem à produção inglesa dos anos 2000. A própria faixa de abertura do disco, completa pela participação de Mike Milosh, do Rhye, evidencia a capacidade do artista em transitar por momentos de doce leveza e instantes de maior euforia.

Nada que se compare ao material entregue em Impact. Uma das primeiras composições do disco a serem apresentadas ao público, a faixa completa pela participação de Robyn e Channel Tres, concentra o que há de melhor na obra de cada colaborador. Enquanto o Lewis mantém firme a construção das batidas e sintetizadores, versos declamados pelo convidado norte-americano garantem ao disco uma atmosfera provocante e noturna, servindo de passagem para a voz fluida da cantora sueca, proposta que faz lembrar do som incorporado em parte das canções de Honey (2018).

Entretanto, muito se engana quem pensa que Lewis depende apenas da força de seus convidados. Observado de maneira atenta, algumas das principais composições do álbum contam apenas com a voz e batidas assinadas pelo britânico. É o caso de Back To Earth. Pouco mais de quatro minutos em que o artista assume integralmente o uso dos vocais, detalha incontáveis camadas de sintetizadores e texturas que ampliam os limites da obra. O mesmo cuidado acaba se refletindo em outros momentos ao longo do disco, como em Chemicals e na melancólica Fall, indicativo do completo domínio do produtor em relação ao próprio trabalho.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.