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Crítica

Tennis

: "Swimmer"

Ano: 2020

Selo: Mutually Detrimental

Gênero: Indie Pop, Pop Rock

Para quem gosta de: TOPS, Cults e Best Coast

Ouça: Need Your Love e Runner

7.6
7.6

Tennis: “Swimmer”

Ano: 2020

Selo: Mutually Detrimental

Gênero: Indie Pop, Pop Rock

Para quem gosta de: TOPS, Cults e Best Coast

Ouça: Need Your Love e Runner

/ Por: Cleber Facchi 19/02/2020

Perto de completar dez anos de lançamento do primeiro álbum de estúdio, Cape Dory (2011), o pop litorâneo incorporado por Alaina Moore e Patrick Riley nas canções do Tennis continua a reverberar nos trabalhos do casal norte-americano, porém, diluído em um oceano de possibilidades. Como indicado durante a entrega de Yours Conditionally (2017), último registro de inéditas da dupla de Denver, Colorado, são melodias empoeiradas e temas típicos da década de 1970 que agora servem de estímulo para os trabalhos da banda, proposta que ganha ainda mais destaque nas canções de Swimmer (2020, Mutually Detrimental).

Primeiro trabalho de inéditas da dupla em três anos, o registro de apenas nove faixas encontra no reducionismo dos elementos, vozes comedidas e formas instrumentais a passagem para uma das obras mais sensíveis já produzidas pelo casal. Canções que parecem dançar pelo tempo, sempre nostálgicas, estrutura que tanto aponta para a obra de veteranos como Fleetwood Mac e Heart, como preserva a identidade criativa do Tennis, leveza que se reflete até a faixa de encerramento do disco, Matrimony II.

Entretanto, para além da criativa reciclagem de tendências e temas instrumentais, sobrevive na composição dos versos o elemento de maior destaque da obra. São letras que discutem a passagem do tempo, matrimônio e instantes de doce melancolia, conceito que tem sido aprimorado pelo casal desde a entrega do maduro Young & Old (2012). “Decidi descrever o amor que conheci depois de dez anos de casamento, quando você não consegue mais se lembrar da sua vida diante daquela pessoa, quando a centelha da atração inicial foi substituída por uma força gravitacional“, escreveu Moore no texto de apresentação da obra.

De fato, do momento em que tem início, em I’ll Haunt You, até alcançar a já citada faixa de encerramento, não são poucos os momentos em que Moore encontra em realizações e conflitos pessoais a base para cada uma das canções que recheiam o disco. “Espero que você esteja feliz, espero que esteja satisfeito / Eu pensei que você era uma vítima, mas está claro para mim / Eu preciso do seu amor e preciso do seu toque / Como se o céu acima de mim precisasse de um raio“, canta em Need Your Love, delicada síntese criativa da obra.

O mesmo direcionamento sensível acaba se refletindo em outros momentos ao longo da obra. São faixas como a confessional Runner (“Quando você me olha assim / Sentindo que não podemos voltar / Se eu me tornar um pilar de sal / Eu vou saber que tudo foi minha culpa“) e I’ll Hunt You (“Enquanto o sol desliza sobre meu ombro / Eu posso dizer que estou ficando mais velha / Atraído por você como o horizonte / Eu sou a primeira a quebrar o silêncio“), canções em que Moore utiliza de experiências particulares como um importante componente de diálogo com o ouvinte. Um evidente exercício de profunda entrega sentimental, cuidado poucas vezes antes visto dentro de um trabalho da banda.

Ponto de partida para uma nova fase na carreira do Tennis, Swimmer costura passado e presente de forma sempre tocante, estrutura que se reflete não apenas no processo de composição das letras, mas, principalmente, na forma como cada componente melódico de Riley serve de sustento aos versos compartilhados por Moore. Canções regidas pelo forte aspecto sentimental, medos e conflito típicos de qualquer casal, como um acumulo natural de tudo aquilo que a dupla norte-americana tem produzido desde a estreia com Cape Dory.



Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.