Image
Crítica

Vegyn

: "Text While Driving If You Want to Meet God!"

Ano: 2019

Selo: PLZ Make It Ruins

Gênero: Eletrônica, R&B, Hip-Hop

Para quem gosta de: Flying Lotus e Frank Ocean

Ouça: Find Hihs Password 003 e Olbass All Bass 004

7.7
7.7

“Text While Driving If You Want to Meet God!”, Vegyn

Ano: 2019

Selo: PLZ Make It Ruins

Gênero: Eletrônica, R&B, Hip-Hop

Para quem gosta de: Flying Lotus e Frank Ocean

Ouça: Find Hihs Password 003 e Olbass All Bass 004

/ Por: Cleber Facchi 13/06/2019

Colaborador em uma série de obras recentes da cena inglesa, parte expressiva delas lançadas pelo próprio selo, o PLZ Make It Ruins, Joe Thornalley passou os últimos anos estreitando a relação com alguns dos principais representantes do rap norte-americano. São interferências breves em obras como Astroworld (2018), elogiado disco de Travis Scott, além de músicas assinadas por nomes como A$AP Mob e Aminé. Entretanto, foi ao lado de Frank Ocean, com quem colaborou nas gravações de Blonde (2016) e Endless (2016), além, claro, de faixas como Provider e Lens, que o produtor britânico alcançou seus melhores trabalhos.

Entre os intervalos desse criativo processo de composição e encontros com diferentes colaboradores, Thornalley, que já havia lançado dois registros de estúdio como Vegyn, All Bad Things Have Ended – Your Lunch Included (2014) e Janhui (2015), decidiu reunir parte do material produzido nos últimos anos em uma nova coletânea de inéditas. O resultado desse prolífico acervo está nos quase 90 minutos e 71 faixas que recheiam o curioso Text While Driving If You Want to Meet God! (2019, PLZ Make It Ruins).

Sem necessariamente ancorar o trabalho em um gênero ou conceito específico, o produtor revela desde esboços atmosféricos com poucos segundos de duração, como Mistakes Were Made, Risks Were Taken (155 BPM), até faixas minimamente encorpadas por diferentes camadas, fragmentos eletrônicos e variações rítmicas, caso de Olbass All Bass 004 (140 Bpm). Uma colorida colcha de retalhos que tanto sintetiza o material produzido para nomes como Frank Ocean e Travis Scott, como dialoga com a obra de Flying Lotus, Clams Casino e demais articuladores do hip-hop instrumental.

Uma vez dentro desse cenário movido pelas ideias, Thornalley divide o trabalho em dois blocos específicos de canções. No primeiro e mais expressivo deles, faixas marcadas pelo uso atmosférico dos sintetizadores e delicadas reverberações eletrônicas. São músicas como Buddy Lent Me the Pen Again V006 (218.814 BPM), a melancólica Desktop Speaker 003 (130 BPM) ou mesmo as curtinhas Bedtime Again V2 (130 BPM) e Big Shoes Big Hands V3 (120 BPM). Fragmentos econômicos que apontam para o mesmo ambiente reducionista e nostálgico que marca o trabalho da dupla Kyle Dixon e Michael Stein, principalmente, na trilha sonora de Stranger Things.

No restante da obra, composições marcadas pela criativa sobreposição das batidas. São variações instrumentais que vão do R&B ao experimentalismo eletrônico de nomes como Prefuse 73 e Shlohmo. Exemplo disso está em Find Hihs Password 003 (96 BPM), uma das músicas mais extensas e, consequentemente, completas do disco, além de outras, como a densa Milk Dudz 006 (140 BPM) e a já citada Olbass All Bass 004 (140 Bpm), música que parece saída de algum registro de sobras do Aphex Twin.

Propositadamente irregular, torto, Text While Driving If You Want to Meet God! funciona como um precioso cartão de visita para o som produzido por Thornalley em estúdio. São canções que apontam para diferentes campos da música de forma curiosa, como uma tentativa clara do produtor inglês em testar os próprios limites. Retalhos instrumentais que sintetizam de forma criativa tudo aquilo que o artista vem produzindo desde a estreia em All Bad Things Have Ended – Your Lunch Included e consequente diálogo com diferentes nomes do novo R&B.


Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.