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Crítica

Ride

: "This Is Not A Safe Place"

Ano: 2019

Selo: Wichita Recordings

Gênero: Rock Alternativo, Shoegaze

Para quem gosta de: Swervedriver, Chapterhouse e Slowdive

Ouça: Future Love, Repetition e In This Room

6.0
6.0

“This Is Not A Safe Place”, Ride

Ano: 2019

Selo: Wichita Recordings

Gênero: Rock Alternativo, Shoegaze

Para quem gosta de: Swervedriver, Chapterhouse e Slowdive

Ouça: Future Love, Repetition e In This Room

/ Por: Cleber Facchi 21/08/2019

Passado e presente se encontram nas canções de This Is Not A Safe Place (2019, Wichita Recordings). Sexto álbum de estúdio do Ride e segundo registro de inéditas do grupo britânico desde o retorno aos palcos, em 2014, o trabalho que conta com produção assinada pelo experiente Erol Alkan (Franz Ferdinand, Klaxons) mostra o esforço dos músicos Andy Bell, Laurence Colbert, Mark Gardener e Steve Queralt em se adaptar aos novos tempos, porém, preservando a essência ruidosa e lirismo que embala os dois principais registros da banda, Nowhere (1990) e Going Blank Again (1992).

Exemplo disso ecoa com naturalidade logo nos primeiros minutos do disco, na introdutória R.I.D.E.. São pouco menos de três minutos em que o quarteto parece dançar pelo tempo, resgatando a mesma massa de sons distorcidos e ambientações etéreas testadas no início dos anos 1990, porém, dialogando com os novos tempos, efeito direto da bateria seca e eletrônica que corre ao fundo da canção, como se a banda provasse de uma estrutura quase dançante, dialogando de forma torta com as pistas.

A mesma base sintética acaba se refletindo em Repetition, música que rapidamente transporta o ouvinte para o início dos anos 1980. Sintetizadores e batidas cíclicas que se espalham em meio a guitarras pontuais, proposta que aponta para o trabalho de veteranos como Gang of Four, Public Image Ltd. e Depeche Mode. Um avanço claro em relação ao material entregue há dois anos, durante o lançamento de Weather Diaries (2017), mas que em nenhum momento distancia o ouvinte de conceitos há muito consolidados pelo grupo inglês.

É o caso de Future Love. Marcada pelo evidente refinamento na composição das guitarras, a canção de essência nostálgica não apenas dialoga com o mesmo universo criativo detalhado em Nowhere, como faz lembrar do trabalho de R.E.M. e demais representantes do jangle pop. Um evidente refinamento no uso da voz e camadas de guitarras, estrutura que acaba se repetindo ao longo da obra. São músicas como a crescente Eternal Recurrence ou mesmo a extensa Is This Room, com pouco menos de nove minutos de abstrações etéreas, improvisos e pequenas mudanças de direção, proposta que se completa pela poesia melancolia da faixa.

Uma vez imerso nesse cenário marcado pelo evidente desejo de renovação por parte da banda, músicas como Dial Up acabam distanciando o ouvinte do restante da obra. Trata-se de um pop psicodélico e acústico, direcionamento que faz lembrar, de maneira estranha, o trabalho de veteranos como The Flaming Lips e Mercury Rev. A mesma estrutura acaba se repetindo em Shadows Behind the Sun, um pop morno e empoeirado, como uma canção abortada de algum grupo de britpop na segunda metade dos anos 1990.

Completo pela presença do engenheiro de som Alan Moulder (My Bloody Valentine, The Jesus and Mary Chain), escolha fundamental para a composição de texturas instrumentais, ruídos e vozes evidentes em músicas como Clouds Of Saint Marie, This Is Not A Safe Place mostra o esforço do quarteto inglês em se reinventar criativamente, mesmo tropeçando em diversos momentos. Pouco mais de 50 minutos em que Andy Bell e seus parceiros de banda brincam com a própria identidade, colidindo ideias em busca de uma propositada mudança de direção.


Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.