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Crítica

Tim Bernardes

: "Recomeçar"

Ano: 2017

Selo: Risco

Gênero: Indie, Folk, MPB

Para quem gosta de: O Terno e Marcelo Jeneci

Ouça: Não, Recomeça e Eu Quis Mudar

9.5
9.5

Tim Bernardes: “Recomeçar”

Ano: 2017

Selo: Risco

Gênero: Indie, Folk, MPB

Para quem gosta de: O Terno e Marcelo Jeneci

Ouça: Não, Recomeça e Eu Quis Mudar

/ Por: Cleber Facchi 27/04/2020

Angústia, medo, dor e libertação. Não existe sentimento que não caiba nas canções de Recomeçar (2017). Produto das vivências e desilusões amorosas de Tim Bernardes, o primeiro álbum do cantor e compositor paulistano longe dos parceiros d’O Terno revela ao público a imagem de um artista fragilizado, porém, nunca desesperançoso. “O que começa terá seu final / E isso é normal / A dor do fim vem pra purificar / Recomeçar“, canta na autointitulada faixa de encerramento, canção que se conecta diretamente à música de abertura e orienta a experiência do público durante toda a execução da obra. Instantes em que Bernardes desaba emocionalmente, como na confessional Não (“Eu não vou mais ser seu amigo / Eu quero até, mas não consigo / Eu também vou sentir saudades / Eu também vou chorar sozinho“), mas acaba se reerguendo, mesmo que por alguns segundos, cercando e confortando o ouvinte em preciosidades como Pouco a Pouco e Calma.

Dos poucos momentos em que perverte essa estrutura, Bernardes olha com descrença para o cenário político, em Tanto Faz (“Tanto faz / Quem saiu, quem entrou / Tanto faz / De que lado ficou“), e passeia em meio a versos existencialistas, marca da delicada As Histórias do Cinema (“E a vida parece mentira / Por que não quer acreditar / Que as histórias do cinema / É que não podem ser reais“). Frações poéticas que se completam pela minúcia dos arranjos, melodias inspiradas por nomes como Fleet Foxes e orquestrações assinadas pelo próprio artista. É como se do material apresentado um ano antes, em Melhor do Que Parece (2016), terceiro álbum de estúdio d’O Terno, o músico paulistano fosse além, revelando ao público uma obra regida em essência pelos detalhes e força dos próprios sentimentos.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.