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Crítica

TOPS

: "I Feel Alive"

Ano: 2020

Selo: Arbutus Records

Gênero: Indie Pop, Pop Rock

Para quem gosta de: Mr. Twin Sister e Yumi Zouma

Ouça: I Feel Alive e Colder & Closer

7.5
7.5

TOPS: “I Feel Alive”

Ano: 2020

Selo: Arbutus Records

Gênero: Indie Pop, Pop Rock

Para quem gosta de: Mr. Twin Sister e Yumi Zouma

Ouça: I Feel Alive e Colder & Closer

/ Por: Cleber Facchi 17/04/2020

Em um lento processo de transformação, os integrantes do TOPS foram do pop enevoado que marca o primeiro álbum de estúdio, Tender Opposites (2012), para um dos projetos mais divertidos e musicalmente radiantes da cena canadense. A cada novo registro de inéditas, a passagem para um território marcado pelo uso de melodias aprazíveis, versos feitos para grudar na cabeça do ouvinte e um bem-resolvido diálogo com a obra de veteranos como Fleetwood Mac e Heart, proposta que ganha ainda mais destaque com a chegada do maduro I Feel Alive (2020, Arbutus Records).

Quarto e mais recente álbum de estúdio do grupo formado por Jane Penny, David Carriere, Riley Fleck e Marta Cikojevic, o registro que conta com produção assinada pelos próprios integrantes segue exatamente de onde o quarteto parou há três anos, durante o lançamento de Sugar at the Gate (2017). São canções marcadas pelo uso de melodias nostálgicas, diálogos com o pop dos anos 1980 e ambientações descomplicadas que rapidamente convidam o ouvinte a dançar, conceito reforçado logo nos primeiros minutos do disco, em Direct Sunlight, música que parece saída de algum disco do Mr. Twin Sister.

É partindo justamente desse direcionamento temático que o quarteto orienta a experiência do público até a música de encerramento do disco, Too Much. São guitarras empoeiradas que se espalham em meio a vozes cristalinas e batidas sempre destacadas, conceito reforçado com naturalidade na faixa-título do disco. “Noites perdidas, tentando lembrar / Quando estou em seus braços, posso finalmente me render / Eu me sinto vivo olhando nos seus olhos“, canta Penny em um exercício de doce entrega sentimental, como uma sequência natural de tudo aquilo que o grupo tem produzido desde a entrega com Tender Opposites.

De fato, difícil não pensar em I Feel Alive como uma reinterpretação de diversos conceitos originalmente testados nos três primeiros álbuns do TOPS. Exemplo disso ecoa com naturalidade em Witching Hour. Do uso das guitarras, passando pela voz atmosférica de Penny, claramente inspirada pela obra de Stevie Nicks, tudo soa como um propositado resgate do pop nostálgico que marca o disco anterior. Instantes em que o grupo canadense parece flutuar pelo tempo, fazendo da permanente reciclagem de ideias a base para um registro que dialoga com o ouvinte logo em uma primeira audição.

A principal diferença em relação aos antigos trabalhos da banda está na busca do quarteto por um repertório pontuado por músicas essencialmente dançantes. É o caso de Colder & Closer, uma das principais faixas do disco. São pouco mais de três minutos em que o quarteto preserva a essência criativa do restante da obra, porém, investe no uso de sintetizadores, batidas e vozes que conduzem o ouvinte em direção à pista. A própria música de abertura do disco, Direct Sunlight, adota essa mesma estrutura, flertando com uma série de elementos e harmonias de vozes originalmente testados por nomes como Bee Gees e ABBA.

Trabalho mais acessível já produzido pelo quarteto canadense, I Feel Alive reflete o esforço do quarteto em se reinventar dentro de estúdio, porém, preservando a própria identidade criativa. Como o próprio título do álbum parece apontar, trata-se de uma obra marcada pela vivacidade dos arranjos e tentativa clara do TOPS em colidir diferentes ideias, temas e referências, como o princípio de uma nova fase na carreira da banda. Canções que avançam musicalmente, mas que em nenhum momento se distanciam do doce romantismo e poesia sorridente que há tempos embala as criações do quarteto.



Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.