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Crítica

Vários Artistas

: "HyperSwim"

Ano: 2019

Selo: Hyperdub / Williams Street Records

Gênero: Eletrônica, Experimental, Techno

Para quem gosta de: Burial, Laurel Halo e Kode9

Ouça: Old Tape, Crush e Scratcha DVA

7.5
7.5

Vários Artistas: “HyperSwim”

Ano: 2019

Selo: Hyperdub / Williams Street Records

Gênero: Eletrônica, Experimental, Techno

Para quem gosta de: Burial, Laurel Halo e Kode9

Ouça: Old Tape, Crush e Scratcha DVA

/ Por: Cleber Facchi 06/12/2019

Quem há tempos acompanha o selo britânico Hyperdub sabe que a cada cinco anos a gravadora convida alguns de seus principais realizadores a contribuir para a produção de uma coletânea repleta de músicas já conhecidas e criações inéditas. Foi assim há dez anos, quando o coletivo comandado por Steve Goodman (Kode 9) deu vida ao ótimo 5: Five Years of Hyperdub (2009), e, claro, em 2014, com o lançamento de Hyperdub 10.2, trabalho que reuniu um time seleto de artistas, como Jessy Lanza, DJ Rashad, Fatima Al Qadiri, o sempre misterioso Burial e a dupla Dean Blunt e Inga Copeland.

Para a terceira edição do projeto, Goodman e seus parceiros decidiram seguir um caminho diferente, revelando ao público quase duas dezenas de faixas que contam com co-distribuição selo Williams Street Records, os mesmos responsáveis pela série Adult Swim Singles. O resultado desse criativo cruzamento de ideias está na entrega do experimental HyperSwim (2019), trabalho que transita por entre gêneros, diferentes fórmulas instrumentais e sonoridades de forma propositadamente irregular, como um resumo torto de tudo aquilo que o selo inglês tem produzido há mais de 15 anos.

Como esperado, com base no extenso catálogo da gravadora, HyperSwim se divide com naturalidade em dois blocos específicos de canções. Na primeira porção dele, faixas marcadas pelo completo experimentalismo dos temas, abstrações e instantes de doce delírio. É o caso da curtinha Darcus. Pouco mais de um minuto em que Dean Blunt brinca com a sobreposição de ruídos, vozes cíclicas e abstrações, como uma extensão natural de tudo aquilo que vem produzindo em carreira solo. O mesmo direcionamento acaba se refletindo em outros momentos ao longo da obra, como Perfume, de Jesse Kanda, e a instável Unruly, de Nazar.

No segundo bloco de canções, a passagem para o lado mais dançante da obra. São faixas como a já conhecida Crush, música que mostra a capacidade de Laurel Halo em dialogar com a produção eletrônica dos anos 1990; em Nocturnal, de Cooly G, um criativo cruzamento de ideias que utiliza da voz como um complemento às batidas. Mesmo o sempre experimental Lee Gamble, um dos nomes mais curiosos e provocativos do selo, faz da inédita Chain 9 sua criação mais acessível. Instantes de criativa de criativa corrupção estética, mas que a todo momento estabelece pequenos diálogos com o ouvinte médio.

Interessante perceber em Old Tape, de Burial, um síntese involuntária de todo o material que recheia HyperSwim. São pouco menos de oito minutos em que o produtor britânico passeia em meio a ambientações soturnas, ruídos atmosféricos e instantes de breve experimento, porém, preservando a essência dançante detalhada em alguns de seus trabalhos mais recentes. O mesmo direcionamento acaba se refletindo na crescente Scratcha DVA, de Baka. Da construção das batidas, marcadas pela inserção de elementos orientais, ao uso de quebras rítmicas, tudo parece pensado para capturar a atenção do público.

Feito para ser apreciado aos poucos, em pequenas doses, HyperSwim, assim como toda a sequência de coletâneas apresentadas pelo selo britânico, sintetiza a transformação sonora e estética do Hyperdub ao longo dos anos. Enquanto a primeira edição do projeto, lançada há dez anos, parecia encontrar em elementos do 2-step/garage a base para grande parte das canções, com a chegada do presente registro a direcionamento passa a ser outro. Artistas que passeiam por diferentes campos da música, fazendo do diálogo com ritmos periféricos e instantes de necessário experimento um estímulo natural para a composição das faixas.


Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.