Disco: “† EP”, †††

/ Por: Cleber Facchi 03/12/2011

†††
Witch House/Electronic/Experimental
http://www.crossesmusic.com/

 

Por: Pedro Ferreira

                            

Quando Trent Reznor anunciou que iria embarcar nas ondas eletrônicas, os fãs mais ávidos do Nine Inch Nails torceram o nariz, provavelmente imaginando o ídolo “atacando de DJ” – como o EGO da Globo gosta de propagar – ao lado de David Guetta, ou Tiesto ou, sei lá, Skrillex, e gente do tipo. O que se viu, entretanto, foi algo bem diferente. Atmosferas sombrias foram entrelaçadas a beats eletrônicos, de forma a dar um charmoso ar de obscuridade às suas produções. O ápice veio quando, ao lado do manjado produtor Atticus Ross, recebeu o Oscar de melhor trilha sonora, em relação ao seu trabalho para o filme A Rede Social.

Não se pode se dizer exatamente que foi esse fato que deu início ao movimento, mas certamente deu muita força para a ascensão de bandas que misturavam as depressividades do Pós-Punk e do Gothic Rock às batidas eletrônicas, ao ritmo do Industrial e, até mesmo, às rimas do Hip Hop. Com o aumento do número de adeptos do estilo, a Pitchfork Media tratou de dinfundir uma denominação ao gênero, que era meio pejorativa, mas logo passou a ser quase oficial: With House, gênero que se consolidou em 2011.

Uma característica em comum desses conjuntos é a bizarrice na hora de escolher os nomes. Não se contentando apenas em lançar mão de combinações de palavras assustadoras, as bandas utilizam símbolos diversos, como cruzes invertidas, triângulos e tudo o mais, fazendo os seus ouvintes quebrarem a cabeça na hora de pronunciar suas titulações. Talvez por isso o novo projeto de Chino Moreno tenha sido erroneamente enquadrado na categoria. Convenhamos: ††† – lê-se “Crosses” – não é dos nomes mais comuns para um conjunto.

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O frontman do Deftones, consagrada banda de Metal Alternativo, que acumulou ao longo de sua carreira um público bastante fiel e volumoso, se juntou ao guitarrista da banda Far, Shaun Lopez, e a Scott Chuck, com o fito de, ao que parece, anuviar a cabeça e compor algumas canções sem muito compromisso, com a possibilidade de experimentar novas vertentes – sem correr o risco de despertar a ira da ala xiita de seu séquito.

O Extended Play de estreia, denominado simplesmente de EP †, traz uma interessante nova faceta de Moreno, que já havia pendido para o Shoegaze em seu outro side-project, o Team Sleep. No entanto, o rótulo supracitado não se encaixa por um simples motivo: as músicas deste projeto não diferem totalmente das apresentadas na carreira do Deftones. É simplesmente uma grande mistura entre os traços dos Deftones às características caras ao Industrial, com boa parcela de música eletrônica. Em alguns momentos lembra o dubstep, exceto pelo constante vocal.

Chino Moreno é um dos vocalistas mais carismáticos do mundo do Rock, e isso se dá, principalmente, pelo fato de que ele nitidamente coloca o coração em tudo que canta, compõe e produz. Sendo assim, obviamente não é diferente com o presente projeto. O álbum pode não ser um primor no quesito originalidade, já que se tem uma impregnada impressão de que Reznor passou por ali, de alguma forma, mas percebe-se que é algo feito com carinho. São canções que poderiam tranquilamente, num filme cujo final seja surpreendente, começar a tocar enquanto os créditos começam a subir. Registro singelo, porém muito interessante.

† EP (2011, Independente)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: 65daysofstatic, UNKLE e Magnetic Man
Ouça: †his Is A †rick

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.