Disco: “1977”, The-Dream

/ Por: Cleber Facchi 03/09/2011

The-Dream
R&B/Hip-Hop/Male Vocalists
http://www.myspace.com/thedreamteam

Por: Cleber Facchi

Enquanto prepara o lançamento de seu quarto registro em estúdio – The Love IV: Diary of a Madman, marcado para sair até o fim de 2011 -, Terius Youngdell Nash ou como é melhor conhecido The-Dream entrega como uma espécie de aperitivo (e de forma gratuita) seu mais novo trabalho, 1977 (2011, Independente). Tomado pela mesma condução que o acompanha desde seus primeiros registros, o norte-americano faz de seu recente álbum um curta transição através do seu universo de sons puramente românticos e sofridos, confortando o ouvinte por meio de suas batidas lânguidas, porém se perdendo em algumas visíveis redundâncias.

Por mais que se proponha como um projeto agradável ao público que acompanha o trabalho do produtor, 1977 não escapa de soar como um álbum pouco satisfatório e uma espécie de grande sobra de estúdio, algo que o norte-americano parece ter acumulado em mais de dez anos de carreira ou pelo menos entre o intervalo de seus últimos três discos. Em quase uma hora de duração, o álbum se reparte em 11 convencionais composições, com Nash despejando seus vocais carregados de auto-tune e batidas que parecem se projetar de forma preguiçosa e quase arrastada em diversos momentos.

Elogiado por grande parte da imprensa norte-americana e internacional, Love King, último álbum em estúdio de The-Dream parece projetar sua sombra sobre o atual lançamento do produtor, o que deve fazer com que algumas boas críticas acabem surgindo, favorecendo seu novo razoável trabalho. Diferente do R&B conceitual e “indie” que dá vida ao primeiro álbum de Frank Ocean (Nostalgia, Ultra), ou mesmo do resultado climático e quase hermético que apresentado por Abel Tesfaye em suas duas mixtapes através do The Weeknd, em seu mais recente lançamento Nash não traz qualquer tipo de inovação, seguindo por um resultado essencialmente básico até o fecho do disco.

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Durante as quatro primeiras composições do trabalho, The-Dream movimenta um som lento, penoso e versos que parecem sugar as exatas mesmas referências de seus antigos discos. É só quando Wedding Crasher, quinta faixa do álbum toma formas que o registro parece finalmente se projetar de maneira satisfatória, ganhando certa dose de dinamismo e versos pouco ou nada descartáveis. Melódica, a canção inaugura o que poderia ser de fato a verdadeira abertura do disco, quebrando o aspecto de “sobra de estúdio” e trazendo uma produção inquestionavelmente impecável.

Se a primeira participação do disco – com Big Sean na faixa Ghetto – não traz nada muito satisfatório ou inovador ao trabalho, com as participações seguintes o produtor acaba de certa forma salvando o álbum, bem como apresentando os melhores momentos de sua nova obra. A jovem e pouquíssimo conhecida Casha empresta seus vocais em duas faixas, sendo Silly a melhor delas, com a cantora hipnotizando o público com sua voz levemente adocicada e digna de grande divas do R&B contemporâneo. Trazendo um toque de comercial ao disco, Pharrell Williams (N.E.R.D.) participa da música This Shit Real Ni**a, quebrando qualquer dose de marasmo e sacudindo o álbum.

Mesmo que se revele como um álbum instável, longe (muito longe) de se projetar como um bom exemplar do que o produtor norte-americano vem desenvolvendo, 1977 acaba se salvando em seus último minutos. Descartável em seus momentos iniciais, o disco aos poucos vai ganhando fôlego e desenvolvendo algumas boas composições, entretanto, se quiser causar alguma surpresa em seu próximo trabalho, The-Dream terá de se esforçar, ou corre o fácil risco de lançar um disco incrivelmente insosso.

 

1977 (2011, Independente)

 

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Drake, The Weeknd e Frank Ocean
Ouça: Silly e Wedding Crasher

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.