Disco: “4”, Beyoncé

/ Por: Cleber Facchi 10/06/2011

Beyoncé
Pop/R&B/Female Vocalists
http://www.beyonceonline.com/

 

Por: Fernanda Blammer

Se existe alguém que pode representar com credibilidade o que foi a música pop na primeira década dos anos 2000, sem esbarrar em erros ou se aventurar por produções duvidosas é o nome de Beyoncé Knowles o primeiro a surgir em mente. Com uma das carreiras mais sólidas da música contemporânea e possuidora de uma discografia invejável – construída desde o tempo em que integrava o Destiny’s Child – a cantora vinda de Huston, Texas busca em seu novo álbum alçar novos voos, intensificando sua ligação com a soul music e de certa forma quebrando a figura de seus primeiros discos, projetando um disco que foca no pop, mas que opta por uma fórmula ainda mais densa em suas canções.

Sob o singelo nome de 4, o novo disco de Beyoncé talvez seja o maior trabalho da carreira da norte-americana, um lançamento tão grande, que corre o risco de desabar sobre suas próprias bases. Depois de anunciar ao mundo seu alter-ego em I Am… Sasha Fierce (2008), despejando uma série de hits marcantes, tomando conta das paradas musicais através de Halo e Single Ladies (Put a Ring on It), a cantora agora busca por rumos e temáticas mais maduras, quase excluindo a figura que a tornou conhecida há mais de uma década. Diga adeus à Crazy In Love, Déjà Vu, Beutiful Liar ou outras canções do gênero. Aqui os rumos são outros.

Existem duas formas de formas de apreciar o novo trabalho de Knowles. Se você busca pela mesma sonoridade dos antigos álbuns (ou algo próximo a isso), então o segredo está em ouvir o disco de trás para frente, sim, invertendo a ordem do registro. Ao abrir o álbum com Run The World (Girls) (que conta com Diplo em sua produção), o ouvinte tem acesso ao lado mais caloroso da diva pop, se deparando com uma série de faixas propensas a dança e que devem (provavelmente) tomar de assalto as principais listas e paradas musicais ao redor do globo.

Por essa ordem é possível nos depararmos com um típico álbum de música pop: uma série de faixas arrasa-quarteirões, programadas de forma decrescente, como se a energia e o ritmo do álbum fossem aos poucos diminuindo, culminando nos tradicionais desfechos melancólicos desse tipo de lançamento. É nesse ponto do álbum que Beyoncé revela suas composições em fluência tradicional, propondo faixas que devem resultar em clipes carregados de coreografias copiáveis e que farão a cabeça dos iniciados nesse tipo de música. Além da já mencionada faixa de “abertura” saltam aos ouvidos canções como Countdown e End Of Time, prováveis futuros singles da cantora.

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Já quem pretende apreciar o álbum em sua ordem correta deve se preparar para um trabalho excessivamente tedioso ou no mínimo difícil de ser absorvido. Por mais que 1+1 seja uma bela faixa e capaz de carregar Knowles para um terreno pouco pisado em seus anteriores álbuns, a tríade sorumbática formada por ela e pelas canções seguintes – respectivamente I Care e I Miss You – são capazes de derrubar qualquer ouvinte. São canções típicas de fechamento de álbum, ou algo que deva ser amarrado em uma ordem diferente, ainda mais quando Countdown ou End Of Time são capazes de dar uma abertura muito mais digna ao registro.

Muito mais do que uma ordem alternativa para que o disco flua de maneira satisfatória, 4 acaba soando como um álbum simplista ou quase inteiramente tomado pelo básico. Nada do que é explorado através do disco se revela diferente do que fora apresentado no trabalho anterior. Mesmo que faixas como Rather Die Young venham carregadas por uma instrumentação primorosa, entregando o que há de mais belo no cruzamento de referências que abrangem a música pop, soul e R&B, ao termino do disco (independente do lado que você venha a se aventurar) a sensação de “falta alguma coisa” é o que predomina.

Enquanto trabalhos como Dangerously in Love (2003) e B’Day (2006) soavam como um grande coletivo de músicos, produtores e os mais variados nomes da black music norte-americana – concentrando gente como Jay-Z, The Neptunes, Ne-Yo, Missy Elliot e Big Boi – em seu novo álbum Beyoncé aparece quase de forma solitária. Com exceção da figura dos produtores (em número bem menor do que o que era encontrado anteriormente) são poucas as participações ou os elementos que se evidenciem como complemento ao trabalho. Instrumentalmente, entretanto, a cantora surge acompanhada de maneira estrondosa, inserindo principalmente nos momentos mais sofredores da obra uma gama de instrumentistas, escapando do uso básico de samplers ou sons pouco renovados.

Embora carregue alguns desajustes em sua totalidade, 4 ao lado de Born This Way de Lady Gaga serão os grande ditadores do que será tocado nas pistas, rádios e canais de televisão pelos próximos dois anos (pelo menos para o grande público). A fragilidade do disco em seu contexto despontam no que podem se transformar os futuros trabalhos de Beyoncé: álbuns carregados muito mais pelo nome da cantora do que pela inclusão de conteúdos relevantes em si, algo que há décadas se abate sobre grande parte de artistas do gênero. Com o novo álbum, a norte-americana ainda se mantém ativa no panteão dos grandes nomes da música atual, porém amplia dúvidas sobre a longevidade de seu reinado.

 

4 (2011)

 

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Destiny’s Child, Solange Knowles e Rihanna
Ouça: Party e Countdown

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.