Disco: “9:00 To 17:00, 17:00 To Whenever”, TYP

/ Por: Cleber Facchi 15/09/2011

The Young Professionals
Electronic/Dance/Pop
http://www.myspace.com/typband

 

Por: Cleber Facchi

Após o lançamento do video de D.I.S.C.O. em julho deste ano – de longe um dos achados visuais mais engraçados de 2011  –, a dupla de produtores israelenses formada Ivri Lider e Yonathan Goldshtein poderia simplesmente empurrar para cima de seu público um registro musical  alicerçado inteiramente em cima do poderoso single, porém rodeado de outras canções pouco ou nada empolgantes. Entretanto, não é esse o caminho escolhido em 9:00 To 17:00, 17:00 To Whenever (2011, Independente), estreia da dupla sob o nome de The Young Professionals e um nada singelo conjunto de faixas carregadas de sintetizadores, refrões grudentos e beats que devem ecoar em diversas pistas pelos próximos meses.

Não apenas um conjunto de 14 faixas que tem tudo para animar diferentes estágios da noite em uma pista de dança, o álbum, como o próprio título já anuncia parte de conceito bem definido, com cada faixa do disco montada exclusivamente para determinada hora do dia de trabalho de um jovem profissional – primeiro das 9:00 até as 17:00, depois das 17:00 em diante. Mesmo longe de se apresentar como um conceito revolucionário, a estratégia garante uma audição mais apurada do disco, como se o ouvinte buscasse “compreender” cada particularidade das músicas, garantindo um trabalho que vai além de um mero projeto de música eletrônica.

Como seria de se esperar, o álbum mantém em suas primeiras composições uma temática mais comportada, com exceção da faixa de abertura, With Me, que soa talvez como o som de um despertador ou a corrida para mais um dia de trabalho desses jovens profissionais. P.O.P., a faixa seguinte já mostra a temática do disco de forma mais natural, com o duo israelense montando uma canção que mesmo pequena e ponderada vai aos poucos sendo cercada por um ritmo minimamente enérgico, algo que cresce perceptivelmente logo na faixa seguinte, Young Professionals e que prossegue no decorrer do álbum.

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Com um cruzamento de sons variados – nada da velha fórmula do synthpop oitentista ecoando sonolenta ao longo do álbum -, o trabalho mantém uma funcionalidade mais do que satisfatória, mesmo que em determinadas músicas a dupla acabe por escorregar, como em Dirty Messages, em que a construção instrumental se mostra confusa, com o duo se apoiando em diversas fórmulas e experiências musicais, tornando a audição da faixa não coesa. Outro “problema” do álbum talvez seja seu padrão crescente, mantendo a abertura do álbum tecnicamente fria, o que pode talvez afastar quem desconheça a temática que define o disco.

Quem tiver um pouco de paciência – ou resolver pular direto para a sétima música do disco, Angry Alone – será agraciado com os melhores momentos da dupla, que expõe sem preocupações sua herança da música eletrônica dos anos 90, fazendo com que suas faixas dissolvam um tempero pop dançante e com fortes pretensões comerciais. Abrindo o Happy Hour, Bad Blood vai pavimentando lentamente o caminho para os momentos mais quentes do álbum, em que as já conhecidas D.I.S.C.O. e 20 Seconds – além das inéditas Fuck Off Berlin e Blood Makes Noise – se revelam como a intensa trilha sonora da noite.

Para os momentos finais do disco a dupla reserva Wake UP, que funciona tanto como uma faixa de despedida do registro, como uma música que já prepara o ouvinte para um novo dia de trabalho, automaticamente o convidando para reviver as experiências musicais do álbum uma vez mais. Caberá somente ao ouvinte decidir se ele é capaz de enfrentar mais um dia de trabalho e composições comportadas, para ser presenteado ao fim com uma bela série de faixas prontas para a dança. Eu aceitei o desafio, e você?

9:00 To 17:00, 17:00 To Whenever (2011, Independente)

 

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Monarchy, Penguin Prison e Moby
Ouça: D.I.S.C.O.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.