Disco: “A Creature I Don’t Know”, Laura Marling

/ Por: Cleber Facchi 07/09/2011

Laura Marling
British/Folk/Female Vocalists
http://www.lauramarling.com/

 

Por: Gabriel Picanço (@gabrielpicanço)

Desde 2008, Laura Marling já lançou três álbuns, todos muito bem recebidos pela crítica. O primeiro deles, Alas, I Cannot Swim, ficou pronto quando Laura mal tinha completado dezoito anos. No ano passado, apareceu com I Speak Because I Can e surpreendeu a todos com tamanha evolução em tão pouco tempo. Agora, já como uma das principais representante da nova cena folk fofinha da Inglaterra, junto com  Mumford & Sons e Noah And The Whale, a cantora lança o seu terceiro álbum, com apenas 21 anos, se consolidando também como uma das grandes artistas de sua geração, ainda que não tenha conquistado totalmente o grande público, mas isso pode ser apenas questão de tempo.

Em A Creature I Don’t Know, continuam prevalecendo o violão dedilhado e sua voz forte, que não tem nada a ver com a figura frágil e delicada da menina branquinha de 21 anos que ostenta. Porém, ouvindo os dois trabalhos anteriores da artista é possível ter maior noção da evolução da garota, de álbum em álbum, principalmente entre o primeiro e o segundo.

Alas, I Cannot Swim, principalmente pela idade de Laura, não se apresentava como um trabalho conciso e totalmente fechado. Com 18 anos, por mais maturidade que se possa ter, é impossível ser uma pessoa formada, muito menos artisticamente. Em I Speak Because I Can ela já deixa para trás o lado menininha presente no primeiro álbum. Agora, com seu novo disco, músicas como The Beast enterram de vez qualquer resquício pré-adolescente da artista. Essa música é intensa, grandiosa. Começa do jeito habitual, apenas com o violão e a voz de Laura. Mas evolui e ganha peso e guitarras distorcidas dignas dos trabalhos mais rock’n’roll de Neil Young.

A garota continua fiel ao folk americano dos anos 6070, com claras influências de Bob Dylan, Nick Drake nas cordas dedilhadas e Joni Mitchell na voz, sendo esta última a artista com a qual ela é mais frequentemente comparada. O disco, porém, não é indicado estritamente aos fãs do gênero. Em outras faixas, como a já citada The Beast e Sophia, fica comprovado que o leque de estilos musicais se expandiu, e outros elementos sonoros foram adicionados a sua música, principalmente a guitarra elétrica, que se tornou muito mais presente.

As músicas falam sobre relacionamentos, romances e paixões, o que deixa o álbum extremante feminino. Mas as letras sinceras de Laura fazem com que até os mais machões dos ouvintes consigam se identificar com seus temas. Ela mostra ser uma compositora muito articulada e, sinceramente, boa demais para alguém da sua idade. Prova isso com I Was Just A Card, balada mais pop do que o usual, ou pelo jeito delicado e perfeito que a melodia de  Don’t Ask Me Why  se desenvolve e envolve, fundindo-se perfeitamente com a próxima música, Salinas. Malditos prodígios, mal consigo ver seus movimentos.

Os elogios merecem ser feitos e repetidos, vamos a eles: A Creature I Don’t Know é um álbum agradável do início ao fim, com ótimas músicas, muito bem produzido, sem quase nenhum momento negativo e que (ufa) com certeza figurará entre os melhores lançamentos do ano. Laura está mais madura e segura neste álbum, é verdade. Só que ainda é cedo para dizer que atingiu aqui a plenitude como compositora e vocalista. Afinal, até agora ela nós surpreendeu muito, e certamente, para nossa sorte, não parará por aqui.

 

A Creature I Don’t Know (2011, Virgin Records)

 

Nota: 8.1
Para quem gosta de: Noah and The Whale, Mumford & Sons e Villagers
Ouça: Sophia

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.