Disco: “A Different Kind of Fix”, Bombay Bicycle Club

/ Por: Cleber Facchi 27/08/2011

Bombay Bicycle Club
British/Indie/Alternative
http://www.myspace.com/bombaybicycleclub

 

Por: Fernanda Blammer

Diferente de grande parte dos acomodados grupos britânicos, o quarteto londrino Bombay Bicycle Club nunca esteve satisfeito em se valer do básico ou repetir fórmulas em seus trabalhos. Vindos de dois lançamentos consecutivos – o debut I Had the Blues But I Shook Them Loose de 2009 e Flaws de 2010 -, a banda formada em meados de 2005 chega agora com seu terceiro disco, mais uma vez experimentando novos tipos de sons e quebrando o básico. Com o nome de A Different Kind of Fix (2011, Island), o atual registro dos britânicos atua como um passo definitivo rumo à maturidade e em busca de novas estratégias instrumentais.

Enquanto ao desenvolver seus primeiros sons o quarteto formado por Jack Steadman, Jamie MacColl, Suren de Saram e Ed Nash investia pesado no uso de melodias radiofônicas e sons trabalhados de forma a pescar o ouvinte em apenas uma única audição, com o lançamento deste terceiro disco os rumos escolhidos pela banda parecem ser completamente outros. Não estão mais lá solos de guitarra ensolarados, vocais expostos de forma entusiasmada ou aquele tipo de energia que parecia fluir constantemente através dos trabalhos do grupo.

Sombrio, assim é A Different Kind of Fix, um disco que se constituí de composições mais fechadas, inspiradas diretamente pelo pós-punk britânico dos anos 80 e uma completa quebra instrumental e poética na maneira como a recente carreira da banda vinha se desenvolvendo. Lembrando muito o The Maccabees do primeiro disco ou o Foals do álbum Total Life Forever, o disco parece se movimentar em doses, pequenas sequências instrumentais expostas em camadas e que lentamente vão construindo a totalidade do trabalho.

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Se anteriormente faixas como Always Like This, Dust on the Ground e Ivy & Gold tratavam de seus elementos de maneira distinta e individual, com o novo álbum o BBC investe em composições mais sólidas, como se cada faixa se transformasse em um grande bloco instrumental. As guitarras, entes seguindo uma linha individual, agora vão se mesclando aos demais elementos das faixas, tomando proporções muito mais atmosféricas e climáticas. Seja a faixa de abertura, How Can You Swallow So Much Sleep, ou a canção de encerramento, Beg (que traz muito da condução funkeada do Foals), todos os instrumentos vão se empilhando no decorrer das composições, trazendo inegáveis melhoras ao som da banda.

Claro que as antigas predisposições do grupo inglês ainda se fazem presentes em alguns momentos do álbum. Suffle, primeiro single do disco, por exemplo, traz muito das tradicionais guitarras da banda, bem como a maneira como os vocais são elaborados, trazendo um toque de festivo, como se fossem moldados para se cantar em coro. Entretanto, o grande destaque do álbum está em suas músicas menos entusiasmadas e mais concentradas, algo que cresce conforme o disco se desenvolve, culminando em músicas como Fracture e What You Want, faixas impossíveis de se imaginar quando observamos a dobradinha de lançamentos iniciais do quarteto.

Ausente de composições abertas ao grande público – mesmo Shuffle se mantém como uma faixa extremamente específica e quase hermética -, A Different Kind of Fix parece definir os caminhos que o grupo inglês desenvolverá em seus futuros lançamentos, invertendo a sonoridade da banda quase que por completo. Difícil em suas primeiras audições, à medida que o álbum se desenvolve parece cada vez mais habituar o ouvinte em suas distintas frequências, com a banda mais uma vez rompendo seus limites e se entregando aos julgamentos do público e da crítica.

 

A Different Kind of Fix (2011, Island)

 

Nota: 7.3
Para quem gosta de: The Maccabees, Foals e Mistery Jets
Ouça: Beg e Shuffle

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.