Disco: “Aabenbaringen Over Aaskammen”, Casiokids

/ Por: Cleber Facchi 16/09/2011

Casiokids
Norwegian/Indie Pop/Electronic
http://www.myspace.com/casiokids

 

Por: Fernanda Blammer

Com pouco mais de meia década de atuação, os noruegueses do Casiokids conseguiram delimitar uma linguagem e um estilo musical bastante característico em suas composições. Em 2010 quando Topp Stemning På Lokal Bar, segundo trabalho da banda foi apresentado ao público, havia uma clara distinção daquilo que o grupo produzia em relação aos demais expositores do convencional indie rock com uma pegada eletrônica, gênero que anualmente nos presenteia com uma sobrecarga de bandas e artistas muitas vezes repetitivos ou nada interessantes, algo que em suas canções a banda conseguiu se desvencilhar.

Sem tempo para descanso, o grupo – que hoje conta com dez membros – já está de volta com mais um novo disco, trabalho este que investe na mesma sonoridade carregada por um frescor instrumental e sons compactos de outrora, algo que parece ter se transformado em uma marca da banda, que prossegue entrelaçando guitarras tomadas de delicadeza com sintetizadores minuciosos. Denominado Aabenbaringen Over Aaskammen (2011, PolyVinyl Records), o álbum faz brotar 10 faixas amenas, músicas que mesmo soando pequenas em suas primeiras audições vão aos poucos embriagando o ouvinte, seduzindo-o com suas delicadas exposições acústicas.

Oposto dos dois anteriores álbuns da banda – o primeiro se chama Fuck MIDI e foi lançado em 2007 -, em sua nova empreitada musical os noruegueses optam por um som ainda mais ambiental, com as faixas sendo construídas com o mínimo agregado de elementos possíveis, algo que de alguma forma muda o curso do que o grupo vinha explorando anteriormente, principalmente em relação ao seu último disco. Por todos os cantos do trabalho, tanto os instrumentos quanto os vocais são apresentados sempre de maneira comportada, como se a banda optasse por um som livre de esforços ou temáticas excessivamente ruidosas.

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Muito embora a autointitulada faixa de abertura exponha uma tonalidade profundamente atmosférica, com o grupo construindo uma composição tomada de sons ambientais e brandos, à medida em que o trabalho se desenvolve demais elementos vão se agregando, evitando que o disco se transforme em um álbum demasiado compacto. A suavidade, entretanto, é o que acaba prevalecendo, gerando por fim músicas como Elefantenes Hemmelige Gravplass e Aldri Ska Me Ha Det Goy, com a banda passeando tanto pelo synthpop oitentista, como pela música eletrônica – principalmente a francesa – dos anos 90.

Mesmo cercado de faixas comportadas e que parecem promover o mínimo de exaltações possíveis, algumas músicas ao longo do álbum conseguem possibilitar certa dose de entusiasmo ou um ritmo um pouco mais “frenético”. Tanto Golden Years quanto Olympiske Leker revelam bem isso, quando por alguns minutos a banda deixa de lado sua fluidez controlada e parte para o uso de sons levemente mais ensolarados, com direito até ao uso de uma percussão que honra o rótulo de “afrobeat”que esporadicamente a banda expõe ao se definir.

Por mais agradável que seja, Aabenbaringen Over Aaskammen passa longe de se apresentar como um grande disco, não apenas pela instrumentação reducionista que se apodera da obra, mas pela forma excessivamente controlada do álbum como um todo, que acaba ficando muito atrás daquilo que o grupo já vinha desenvolvendo. Em diversos momentos a sensação repassada com o disco é de que o mesmo soa como um grande Lado B, talvez um condensado de todas as faixas que acabaram de fora do último trabalho da banda, um álbum que até consegue agradar, mas passa longe transformar em um registro memorável.

 

Aabenbaringen Over Aaskammen (2011, PolyVinyl Records)

 

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Starfucker, Discovery e Boat Club
Ouça: Golden Years

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.