Disco: “Above The City”, Club 8

/ Por: Cleber Facchi 05/06/2013

Club 8
Swedish/Indie/Electronic
http://www.club-8.org/

Por: Fernanda Blammer

Club 8

Quando Johan Angergård convidou a conterrânea Karolina Komstedt para que juntos formassem o Club 8 no meio da década de 1990, talvez brincar com as variações mais comportadas do Folk e da Bossa Nova fosse a única direção dentro do propósito sonoro do casal. E assim foi até o lançamento de The Boy Who Couldn’t Stop Dreaming (2007), última passagem da dupla sueca pelas variações sublimes da música acústica, e o ápice de uma sequência de lançamentos que ultrapassavam uma década produtiva. Prazeroso é notar que em Above The City (2013, Labrador), oitavo álbum da carreira, nada disso parece ter sobrevivido.

Longe das limitações sonoras que em geral se concentravam e voz e violão, o novo disco tinge com eletrônica e pequenas variações instrumentais os vocais tímidos de Komstedt. Naturalmente longe de assumir os mesmos erros tolos que sufocaram o casal no exagerado The People’s Record (2010), com o presente registro Angergård trata da instrumentação com grandeza e novos elementos, sem jamais fugir do cenário natural que ambienta o trabalho a dupla. Dessa forma, cada faixa apresentada se sustenta como um passo para a descoberta e ao mesmo tempo uma recordação da boa fase da banda.

Como se estivesse preparando o terreno, ao abrir o disco com a comportada e dolorosa Kill Kill Kill – um hino vegano – a dupla acaba por estabelecer um laço inevitável com o disco lançado em 2007. São os mesmos percursos sonoros, apenas acrescidos de pequenas variações instrumentais e certa dose de ineditismo. É em Stop Taking My Time que o álbum realmente começa, com Karolina fazendo a vez de Sally Shapiro e se mostrando capaz de revelar a mesma presença dançante que a conterrânea nórdica sustenta no ainda recente Somewhere Else (2013). A melancolia e a timidez que há tempos acompanham a dupla estão por todas as partes, porém, em um enquadramento novo.

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=oG6qtjvjrdI?rel=0]

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=EMhGsJMycw0?rel=0]

Mantendo firme a relação imposta em The Boy Who Couldn’t Stop Dreaming, durante todo o tempo Angergård parece resgatar elementos esquecidos da própria discografia do casal, moldando os vocais da parceira dentro de uma versão sintética de tudo o que foi alcançado há seis anos ou mesmo na década de 1990. Enquanto A Small Piece of Heaven funciona como uma quase continuação do que foi acertado em Whatever You Want, Football Kids e a aura comportada do Kings Of Convenience volta de maneira ainda mais comercial com I’m Not Gonna Grow Old.

Provavelmente o registro mais acessível de toda a carreira da dupla, Above The City em nenhum momento se apresenta como uma obra de acabamento descartável, pelo contrário, força o casal sueco a experimentar musicalmente durante boa parte do tempo. Exemplo mais gracioso disso está na construção de Less Than Love e suas batidas inexatas. Lembrando um The Knife menos sombrio ou talvez uma Lykke Li desprovida dos dramas emocionais, a canção mantém firme a relação natural com o pop, ao mesmo tempo em que se apega a uma capa adulta, distante do colorido tímido do trabalho.

Recheado por composições de apelo essencialmente melódico – entre elas Run, You Could Be Anybody e Hot Sun -, Above The City revela uma medida constante entre arriscar e se manter seguro. Ainda que pareça sustentado em cima de faixas movidas pela sutileza e a inovação dos arranjos, o disco nunca parece fugir dos limites naturais da banda, o que torna o exercício de ouvir o trabalho algo sempre curioso. Com mais de 15 anos de carreira, nada mais justo que Johan Angergård e Karolina Komstedt tenham encontrado uma medida segura, passeando pelos experimentos, sem fugir da beleza inicial que apresentou o Club 8.

Club 8

Above The City (2013, Labrador)

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Acid House Kings, Sally Shapiro e Kings Of Convenience
Ouça: I’m Not Gonna Grow Old, Kill Kill Kill e Run

[soundcloud url=”http://api.soundcloud.com/tracks/84092082″ params=”” width=” 100%” height=”166″ iframe=”true” /]

[soundcloud url=”http://api.soundcloud.com/tracks/90125734″ params=”” width=” 100%” height=”166″ iframe=”true” /]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.