Disco : “Again Into Eyes”, S.C.U.M.

/ Por: Cleber Facchi 21/09/2011

S.C.U.M.
British/Post-Punk/Alternative
http://www.myspace.com/scum1968

Por: Fernanda Blammer

Dos incontáveis grupos britânicos que ainda insistem em repetir as mesmas experiências musicais exaltadas pelo pós-punk inglês da década de 80, poucos são os que conseguem ainda hoje proteger suas obras com certa dose de inovação, se livrando de quaisquer amarras redundantes. Entre especiarias soturnas como as projetadas pelo The Horrors, transições pelo reggae e math rock do Foals ou mesmo experimentos de pura instabilidade como as faixas arremessadas pelo These New Puritains, o possível mais novo integrante desse pequeno condensado de artistas verdadeiramente interessantes talvez seja o S.C.U.M.

Com o nome retirado da principal obra da escritora norte-americana Valerie Solanas, S.C.U.M. Manifesto – sigla de “Society for cutting up men”, algo que traduzido soaria como “sociedade para desmanchar os homens” -, a banda vem desde de meados de 2008 se revezando em uma série de pequenos shows e singles esporádicos, algo que deve se intensificar com a chegada do primeiro grande disco da banda: Again Into Eyes. Contando com a proteção do selo Mute Records – mesmo de Goldfrapp e Depeche Mode -, o grupo transforma suas dez composições em um pequeno mar de guitarras levemente agressivas e versos que celebram amores que não deram certo e pequenas crises pós-adolescentes.

Diferentes das mesmas transições exploradas por projetos como White Lies, Editors ou grande parte das bandas que surgiram ao longo dos últimos cinco ou dez anos, em sua sonoridade o quinteto inglês – formado por Thomas Cohen (vocais), Bradley Baker (guitarras), Samuel Kilcoyne (teclados), Huw Webb (baixo) e Melissa Rigby (bateria) – parte em busca de um toque nada límpido ou dotado de uma instrumentação plástica. Perdidos em emanações sujas além de pequenos toques de psicodelia, a banda soa como tudo, menos como um tradicional grupo inglês.

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Principalmente quando partem em busca de composições mais extensas – como Whitechapel no fecho do disco ou mesmo no pequeno épico obscuro Sentinal Bloom – as semelhanças com o mais recente lançamento do The Horrors são simplesmente gritantes. O misto de guitarras que crescem e encolhem constantemente bem como o uso de uma poeira lo-fi ao fundo das canções refletem muito do que encontramos em Skying, com uma pequena diferença, em Again Into Eyes torna-se visível algumas pequenas transições pelo Dream Pop, bem como por um tipo de som que chega bem próximo de um terreno etéreo.

Por mais que esse tipo de predisposição não seja algo difícil de ser encontrado nas recentes produções de diversas bandas, a simples busca do grupo por um tipo de experiência musical que se esquive do básico já garante ao trabalho do S.C.U.M. uma audição mais proveitosa e apurada. Longe de uma melancolia exacerbada, letras excessivamente joviais e uma sonoridade redundante, aos poucos o ouvinte vai criando certa empatia em relação ao trabalho do grupo, que revela músicas de profundo cuidado e beleza, canções como a doce Paris ou a climática Cast Into Seasons.

Fluindo sem barreiras até seus últimos segundos, Again Into Eyes revela uma clara percepção de uma banda iniciante, com um grupo de integrantes experimentando tendências em busca de um resultado que futuramente possa ser conhecido apenas como algo seu. Mesmo longe de promover um disco deveras surpreendente ou capaz de abalar o cenário musical, o quinteto inglês amarra todas as pontas de sua estreia de maneira hábil e obviamente agradável, se posicionando muito acima da média em relação ao trabalho de alguns colegas britânicos.

 

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Again Into Eyes (2011, Mute)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: The Horros, O Children e Cat’s Eyes
Ouça: Amber Hands

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.