Disco: “Alesia”, Housse The Racket

/ Por: Cleber Facchi 06/08/2011

Housse The Racket
French/Indie/Electronic
http://www.myspace.com/houssederacket

 

Por: Fernanda Blammer

Em 2008 quem esteve atento ao que escapava do cenário independente francês acabou presenteado com uma divertida e despretensiosa estreia, Forty Love do duo Housse de Racket. Munidos do arrasa-quarteirões Oh Yeah!, a dupla formada por Victor le Masne e Pierre Leroux trouxe ao mundo uma mistura exata entre o pop eletrônico típico de grupos como Phoenix com o indie rock acelerado que poderia ser encontrado tanto em bandas como The Strokes quanto Franz Ferdinand. Levemente soturnos e tirando um pouco o pé do acelerador, os franceses voltam com seu segundo disco, buscando de forma madura dar continuidade ao seu bem recebido trabalho.

Quem se interessou pelo trabalho do duo apenas por seu poderoso single, talvez encontre certa dificuldade ao passear pelas reverberações de Alesia (2011, Kitsuné), afinal, em seu recente trabalho a dupla elabora um som muito mais climático do que jovial e pulsante em si. Por todo lado surgem canções tomadas de sintetizadores obscuros e frequências suaves, além de algumas visíveis aproximações ao trabalho do conterrâneo Sébastien Tellier, com a dupla se afastando do aspecto comercial que lhes trouxe destaque e buscando por um som até mais intimista.

Embora possa soar como uma espécie de suicídio comercial para o duo, quem observava o trabalho da dupla para além de seu lado mais radiofônico verá através do presente registro uma espécie de continuação do que fora proposto ainda no primeiro álbum. Durante sua estreia não são raros os momentos em que os músicos se ocultam através de paredões de sintetizadores ou composições mais densas. Mesmo a homônima faixa de abertura do álbum já deixava isso bem claro, algo posteriormente seguido por canções como Le Rendez-vous e Pacific Sunset, que excluíam a veia dançante do trabalho e o jogavam para junto da downtempo francesa.

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Visto dessa forma, torna-se possível absorver as novas criações do Housse de Racket de forma mais tranquila e coerente, se deixando conduzir pelo vasto arsenal de synths e frequências atmosféricas construídas ao longo do álbum pelo duo. Dentro dessa vertente é sem dúvidas Ariane a composição que melhor traduz a grandiosidade do álbum. Surgindo através de um cruzamento entre sons rebuscados e uma propriedade quase etérea, a faixa mostra toda a evolução da dupla, que lentamente vai sobrepondo camadas e mais camadas de sons até o desfecho da composição, que acaba beirando algo épico.

Claro que a dupla não deixaria de lado aqueles que vieram ao seu encontro na esperança de serem agraciados com novos achados para as pistas de dança. Logo na abertura do trabalho Roman vem para corresponder tais expectativas, mantendo o mesmo aspecto dançante do anterior trabalho, algo também seguido pelas faixas Chateau, Apocalypso, TGV e Aquarium. Contudo, diferente de Forty Love o novo trabalho da dupla não é um disco que orienta seus esforços no uso de guitarras, mas nos teclados, algo que acaba se refletindo mesmo nas composições mais dançantes, sempre presas em uma tonalidade atmosférica e menos explosiva do que era apresentado anteriormente.

Embora não sejam capazes de combater grandes figurões do mesmo gênero, como os próprios conterrâneos do Phoenix ou mesmo bandas recentes como o Two Door Cinema Club e Friendly Fires, Alesia se revela como um trabalho bem acima da média, capaz de superar com tranquilidade grupos como os recentes Is Tropical ou The Shoes. Durante toda a audição do disco, o álbum passa uma sensação de busca, como se o duo à frente do projeto estivesse ainda procurando por sua própria sonoridade, algo que parece tomar formas a partir desse registro. Só resta esperar que essa busca não dure muito, caso contrário o Housse de Racket corre sérios riscos de se transformar em um projeto repetitivo e enfadonho.

Alesia (2011, Kitsuné)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Phoenix, Friendly Fires e Is Tropical
Ouça: Roman e Ariane

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.