Disco: “All Possible Futures”, Miami Horror

/ Por: Cleber Facchi 03/08/2015

Miami Horror
Electropop/Synthpop/Alternative
http://www.miamihorror.com/

Não existe palavra que melhor sintetize o trabalho da australiana Miami Horror do que “leveza”. Do bem-sucedido álbum de estreia, Illumination (2010), passando pela série de remixes e faixas assinadas em parceria com outros artistas – como Kimbra e Alan Palomo (Neon Indian) -, é fácil cair na armadilha ensolarada que cresce em cada composição do grupo de Melbourne, maduro e ainda mais próximo de um som comercial no melódico All Possible Futures (2015, Heaven Sounds / Dine Alone).

Segundo registro de inéditas da banda, o trabalho de 15 faixas e arranjos orientados pela sutileza das vozes e sintetizadores é uma obra que encanta logo na primeira audição. Quando próximo de outros discos apresentados por diferentes nomes do Synthpop – caso de Metronomy, Hot Chip e dos conterrâneos do Cut Copy -, um álbum que pouco inova. Entretanto, o acerto da banda não está na novidade, mas na completa reciclagem de referências exploradas desde o fim dos anos 1970.

Como ficar parado quando as guitarras funkeadas de Love Like Mine praticamente obrigam o ouvinte a dançar? E o que dizer da soma de sintetizadores que inauguram o disco na colorida American Dream? Mesmo quando a serenidade e melancolia tomam conta do trabalho em Stranger e Colours In The Sky, ficar parado é uma tarefa praticamente impossível. A mesma sonoridade nostálgica que tanto inspira Daft Punk, Toro Y Moi e Chromeo, porém, em uma ambientação serena, capaz de converter qualquer noite fria em uma ensolarada tarde de verão.

Menos contido em relação ao último disco da banda, All Possible Futures é uma obra em que o Miami Horror abraça de vez a música pop. Logo na abertura do trabalho, uma coleção de versos e arranjos essencialmente melódicos, dançantes e acessíveis, como um passeio pela Disco Music/Synthpop sem necessariamente abandonar as pitadas de Nu-Disco que apresentaram o grupo em 2010. Precisa de uma faixa para começar? Que tal a dançante Cellophane (So Cruel)? Pouco mais de quatro minutos em que vozes e instrumentos dialogam com perfeição.

Assim como nas canções apresentadas em Illumination, o grande acerto do grupo australiano está na abertura e completa interferência de diferentes artistas ao longo da obra. Ocupando o lugar de Alan Palomo, Kimbra e MAI, nomes como Sarah Chernoff (Real Slow), Cleopold (Colours In The Sky, Love Like Mine) e Future Unlimited (Stranger), músicos responsáveis pela rica colagem de vozes que sustenta boa parte do disco, principalmente nas canções de maior apelo comercial.

O principal defeito de All Possible Futures? O excesso de canções. Passado o lançamento de Stranger, última música da banda partilhada com outro artista, nítida é a quebra de ritmo dentro do trabalho, como se o grupo ultrapassasse os próprios limites, se estendendo além do necessário. É preciso fôlego para seguir com as quatro últimas composições, muito mais lentas e até “experimentais” em relação ao eixo central do disco. Um tropeço que poderia ser evitado como no álbum anterior, com o aproveitamento de faixas excedentes apenas nas edições especiais/deluxe do trabalho.

All Possible Futures (2015, Heaven Sounds / Dine Alone)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Cut Copy, Metronomy e Pnau
Ouça: Cellophane (So Cruel), Real Slow e Love Like Mine

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.