“All Things Will Unwind”, My Brightest Diamond

/ Por: Cleber Facchi 13/10/2011

My Brightest Diamond
Indie/Folk/Female Vocalists
http://www.myspace.com/mybrightestdiamond

Por: Cleber Facchi

Ouvir qualquer trabalho de Shara Worden através do projeto My Brightest Diamond sem observar as inúmeras semelhanças com a veterana Björk é uma tarefa quase impossível. A forma de cantar, a maneira como os vocais são apresentados e até mesmo o excêntrico visual transparecem claras referências ao trabalho da cantora islandesa. Entretanto, essas semelhanças parecem cada vez mais relacionadas ao passado recente da musicista, que ao apresentar seu terceiro e mais novo disco parece finalmente ter alcançado uma identidade própria.

Cada vez mais entregue aos bucólicos sons da música folk, Worden converte All Things Will Unwind (2011, Asthmatic Kitty) em um vasto conjunto de composições suaves e abrandadas por uma doce melodia orgânica, convertendo a cantora em uma espécie de criatura mística que habita os bosques do hemisfério norte. Ainda mais detalhista que o antecessor Bring Me the Workhorse de 2008, em seu terceiro registro a nova-iorquina parece ter alcançado a medida exata entre vocais carregados de elementos operísticos, toques de música erudita, além de uma intensa aproximação com a música pop.

Constituído de 11 pequenos clássicos da mais pura e impecável beleza instrumental, o registro escorre suavemente pelos ouvidos, inunda o cérebro e nos conforta em um incrível estado de êxtase, melancolia e celebração. Entre composições que se apoiam em pequenas histórias costumeiras, além de algumas visíveis exposições sobre a figura da própria musicista, o disco parece se posicionar em um estágio distinto do nosso, usando de seus encantos acústicos para nos aproximar da mesma linguagem que o circunda.

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Embora Björk esteja em cada mínimo pedaço do trabalho, outras referências parecem se revelar ao longo do registro. Kate Bush talvez seja a maior delas, afinal, o profundo toque de medieval e místico que ecoa através do álbum parece fruto de uma intensa relação com o trabalho da cantora inglesa. Surgem ainda algumas doses de uma Joanna Newsom exaltada – principalmente nos pontos mais bucólicos do disco -, um pouco de Little Scream e Sufjan Stevens, referências que apenas dão sustentação para que Worden deixe transparecer suas próprias características.

Mesmo que o álbum seja delimitado por uma formação musical suave, construída em cima de violoncelos mágicos, arranjos de sopro que parecem saído de algum filme da Disney e um conjunto de elementos que sugam o ouvinte para um mundo distante do nosso, é ao se afastar rapidamente disse que o disco nos presenteia com seus melhores exemplares. Be Brave é o melhor exemplo disso, afinal, o ritmo crescente e o toque épico – com a cantora nos preparando para uma talha imaginária – rompem a lógica do disco, fornecendo um registro sólido e glorioso.

Fruto de uma orquestra de sons essencialmente detalhistas e sendo adornado por finas nuances instrumentais, All Things Will parece simplesmente escapar de seu formato – digital ou físico – e simplesmente se misturar ao ambiente do espectador. O disco funciona como um grande convite para que abandonemos a realidade e a vida tal qual conhecemos, para nos embrenharmos através das doces sensações e experiências ressaltadas através do álbum. Um convite, que obviamente não pode ser negado.

All Things Will Unwind (2011, Asthmatic Kitty)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Joanna Newsom, Björk e Kate Bush
Ouça: Be Brave

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.