Disco: “Almanac”, Widowspeak

/ Por: Cleber Facchi 29/01/2013

Widowspeak
Indie/Alternative/Dream Pop
http://widowspeak.bandcamp.com/

Por: Fernanda Blammer

Widowspeak

Quando lançou o primeiro disco há dois anos, o Widowspeak parecia flutuar em algum lugar entre o final da década de 1980 e as distorções suaves do começo dos anos 1990. Com uma sonoridade abertamente relacionada com os experimentos oníricos do Galaxie 500, mas sem desgrudar os pés do chão, a banda nova-iorquina tornava público o que viria a caracterizar boa parte das invenções assinadas pelo grupo. Um passeio leve e nunca exagerado pelas construções musicais lançadas há mais de duas décadas, mas que de uma forma ou outra vinham carregado pelo frescor do presente e uma fina camada de renovação.

Quem esperava por uma continuação do que foi conquistado pela banda no autointitulado primeiro disco vai ter de esperar. Com ares de Fleetwood Mac e uma interação controlada com a música folk, Almanac (2013, Captured Tracks) traz logo na capa um regresso positivo no processo de composição do grupo. Ainda próximos das mesmas experiências consolidadas há dois anos, a banda deixa de lado as massas de distorção e o reforço elétrico para viajar no tempo, se acomodando de maneira inteligente em acertos que vão do final dos anos 1960 até meados da década seguinte.

Esqueça o ambiente voltado ao Dream Pop, os acertos nada polidos com o rock alternativo e principalmente a proposta urbana que antes direcionava o trabalho da banda comandada por Molly Hamilton e Robert Earl Thomas. Em nova fase, a busca por uma sonoridade de referências acolhedoras e realces instrumentais que clamam pelo bucólico garantem inovação constante ao crescimento da banda. É como se o casal quebrasse a atmosfera cinza que se expandia com a execução do último disco para desbravar um cenário esverdeado e banhado de forma leve pela luz matinal.


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Mesmo que a leveza preencha parte significativa da obra, a presença das guitarras ainda é constante em cada instante do trabalho. Logo no começo do álbum, The Dark Age assume uma representação curiosa e bem estruturada de tudo o que marca o atual momento da dupla nova-iorquina. Enquanto os vocais melódicos de Hamilton se cobrem com uma tapeçaria orgânica (representando a busca por um cenário campestre), as guitarras pontuais Thomas trazem de volta muito do que foi construído há dois anos. Uma espécie de elo constante entre as transformações recentes e a sujeira musical que outrora habitava as composições da banda, agora dissolvidas de forma gradativa.

Com uma concepção naturalmente comercial em relação ao último disco, com Almanac o Widowspeak acerta meio sem saber. A nova proposta instrumental que acompanha a recente fase da banda vai de encontro a todo um novo movimento que resgata (de forma renovada) as principais marcas e particularidades sonoras da década de 1960. Por mais que a ocupação se manifeste de forma controlada no desmembramento da obra, faixas como Locusts e Minnewaska representam com beleza e qualidade toda essa transformação, dando indícios de que algo ainda maior está por vir dentro do trabalho do grupo.

Tendo consciência  da sonoridade que carregam, Hamilton e Thomas não fazem do novo álbum uma continuação, mas um recomeço necessário. Mesmo que por diversas vezes a aproximação com o disco anterior se faça visível na proposta da dupla, cada passo dado no decorrer do disco proporciona ao casal um plano de ineditismo e natural possibilidade de invento. Sim, ainda falta ao trabalho do duo um resultado que proporcione maior grandeza e distinção em relação ao que atualmente circula pela cena alternativa estadunidense, entretanto, as transformações recentes já são um bom começo.

 

Widowspeak

Almanac (2013, Captured Tracks)


Nota: 7.0
Para quem gosta de: Beach House, Twin Sister e Veronica Falls
Ouça: Locusts, The Dark Age e Almanac

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.