Disco: “America Give Up”, Howler

/ Por: Cleber Facchi 19/01/2012

Howler
Indie/Garage Rock/Lo-Fi
http://www.howlerband.com/

Por: Fernanda Blammer

Ao longo de todo o último ano, mesmo aqueles considerados meros receptores passivos no campo da música puderam perceber que os rumos da cena independente e alternativa agora são outros. Nada da limpidez sonora que sempre acompanhou a indústria da música nas últimas décadas. De projetos iniciantes ao trabalho de artistas veteranos, grande parte dos lançamentos musicais tem incorporado uma sonoridade cada vez mais marcada pelo uso de acordes sujos, vocais quase inaudíveis e todo um resgate musical que explora tanto o rock alternativo dos anos 1990 como registros anteriores a isso.

Distorção em excesso, álbuns caseiros e toda aquela precariedade intencional que se estabelece tanto nos trabalhos do Yuck como na estréia do The Vaccines, uma tendência musical que acaba de entrar em sua segunda fase: a do desgaste. Processo natural dentro de qualquer novo gênero ou disposição musical, logo após o sucesso de um artista, álbum ou pequeno grupo é possível observar uma série de aproveitadores, bandas que surgem unicamente por conta da boa repercussão desses desbravadores.

Entretanto, mesmo em meio a essa variedade musical de trabalhos plagiados e sujos que vêm se expandindo diariamente, ainda é possível encontrarmos alguns artistas capazes de impressionar, ou pelo menos capazes de entreter durante alguns minutos. É o caso da banda norte-americana Howlers, que consciente da cena musical que está em voga apresentam um registro marcado inteiramente pelo uso de guitarras distorcidas típicas do garage rock, além de todo um conjunto de possibilidades que os posicionam corretamente dentro do panorama atual.

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Rápido, America Give Up (2012, Rough Trade) é um belo retrato da juventude dos anos 1990 que viveu o ápice da adolescência ao som do Strokes e todos os grandes grupos que começaram a se destacar no começo da década passada. Cada acorde, verso ou tendência proposta no interior do disco reforça a figura de um Julian Casablancas durante a fase Is This It ou um Alex Turner pré-Humbug, claro, sempre aproximados de guitarras marcadas pela sujeira e vocais que praticamente se materializam em disformes ruídos.

Ao mesmo tempo em que a banda reforça as preferências ao som dos anos 2000, não há como descartar a forte influência de artistas contemporâneos, algo facilmente representado na densidade de Too Much Blood, que muito lembra o Surfer Blood do álbum Astro Coast (2010) ou algumas das canções mais sujas do Beach Fossils. Quem também deixa sua marca são os britânicos do The Vaccines, que tem seu trabalho muito bem representado em faixas como Pythagorean Fearem e This One’s Different, quase versões que ganham um caráter estranhamente renovado – talvez seja a ausência do sotaque britânico.

Tudo indica que a banda vinda de Minneapolis, Massachussets deva se transformar em um dos grupos de maior destaque ao longo do ano, feito que o quinteto deve assumir com responsabilidade, afinal, mesmo propondo um álbum que em nada revoluciona acaba se mantendo coerente até que os últimos e distorcidos acordes sejam apresentados. Se a banda não passa de mais um fenômeno pop ou se tem realmente algum valor, apenas as guitarras barulhentas e os rumos que o grupo tomar se encarregarão de trazer estas respostas.

America Give Up (2012, Rough Trade)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: The Vaccines, Surfer Blood e Beach Fossils
Ouça: Back Of Your Neck e Told You Once
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.