Disco: “American Goldwing”, Blitzen Trapper

/ Por: Cleber Facchi 16/08/2011

Blitzen Trapper
Alt. Country/Indie/Alternative
http://www.myspace.com/blitzentrapper

 

Por: Cleber Facchi

Desde que os trabalhos do Blitzen Trapper passaram a ser lançados pela Sub Pop em meados de 2008, através do disco Furr, que a sonoridade do grupo de Portland, Oregon deu um salto surpreendente em relação aos seus anteriores registros. Enquanto seus iniciais trabalhos passeavam por uma linha folk bucólica, a partir da troca de selo o grupo passou a desenvolver um som que mesmo tocado pela música de raíz norte-americana se mostrava de forma mais urbana, quase uma trilha sonora para um road movie diário, uma película real onde paisagens naturais vão pouco a pouco passando ao lado do ouvinte.

Em 2010 com o lançamento de Destroyer of the Void, quinto disco da banda, a sonoridade proposta mais uma vez se voltou aos primeiros registros do grupo, com a busca por um som mais centrado, orgânico e brando. Era como se a banda tivesse deixado de trilhar a estrada que vinha seguindo até aquele momento e partisse em busca de sossego, fixando sua morada em algum lugar remoto do interior dos Estados Unidos, desenvolvendo um som aprazível, em que mesmo as guitarras eram apresentadas de forma suave e ponderada. Até a simplicidade da capa com sua ilustração esvoaçada era capaz de orientar isso.

Essa nova quebra de som acabou dividindo tanto a crítica quanto o público, resultando em um trabalho no melhor estilo “oito ou oitenta” (algo que algumas publicações levaram ao pé da letra na hora de pontuar o álbum). O tempo de estabilidade, entretanto estava mais do que na hora de ser deixado para trás. Era hora do grupo retomar seu caminho e partir novamente para os bons sons estradeiros que vinha desenvolvendo até o presente momento, algo que é posto em prática em American Goldwing (2011, Sub Pop), sexto registro da banda e seu trabalho mais adulto e conciso.

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Abraçando de vez o Country Alternativo, mas sem deixar de lado o bom emprego das guitarras, além de momentos mais introspectivos e calcados na música folk, o disco, como evidencia em sua capa é uma grande ode aos viajantes, um trabalho que parece feito na estrada e que deve ser ouvido ao trafegar por ela. Mais curto que os anteriores lançamentos da banda – o disco conta com 33:05 minutos -, o álbum como um verdadeiro viajante parece carregar apenas o necessário, apenas os equipamentos e os mantimentos que lhe garantam sua sobrevivência, algo que obviamente transforma o registro em um trabalho dinâmico do princípio ao fim.

Embora abra em meio ao grandioso uso de guitarras que se escondem nas faixas Might Find It Cheap e Fletcher, o disco lentamente vai baixando seu tom, se transformando em um tratado melancólico, porém longe de se transformar em um registro lamurioso e demasiado sorumbático. Em suas letras que sempre falam sobre partidas, términos de relacionamentos e despedidas há sempre um tom esperançoso (ouça My Home Town), como se mesmo amargurados, os personagens apresentados ao longo das faixas mantivessem certa dose de sobriedade, o que faz com que o disco flutue de maneira continua e capaz de manter o ouvinte sempre cativo em suas melodias.

Por justamente ser construído em cima de diferentes tipos de sons e temáticas musicais, American Goldwing vai buscar suas referências em um grande número de gêneros e artistas norte-americanos vindos das mais diferentes épocas. Há desde um Bruce Springsteen em sua melhor fase nos anos 80 até toques do country clichê da década de 1990, isso sem contar nas referências aos sons da música tradicional americana vindas de distintos períodos de tempo. Como ponto de convergência, o  Blitzen Trapper, que une toda essa variável de elementos em um produto único, nostálgico e incrivelmente raro.

 

American Goldwing  (2011, Sub Pop)

 

Nota: 8.0
Para quem gosta de: My Morning Jacket, Dr. Dog e Wilco
Ouça: American Goldwing

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.