Korallreven
Swedish/Electronic/Balearic
http://www.myspace.com/korallrevenmusic

Por: Cleber Facchi

No começo dos anos 90 a música eletrônica parecia ter encontrado a residência exata para se adornar de novas referências e modificar as fórmulas de sua estrutura. A brisa do mar que soprava pela areia das praias de Ibiza, os abusos com o Extasy e a busca por um tipo de sonoridade menos pulsante e mais suavizada fez com que no início da década relevantes figuras do cenário musical do período – como Danny Rampling e Paul Oakenfoldn – traçassem todos os limites e características do que posteriormente seria concebido como a Balearic Beat. Cena que subdividiria a música eletrônica em toda uma vertente de sons e formas distintas, mantendo como conexão a busca por um ritmo abrandado e lisérgico.

Estranho notar que passadas mais de duas décadas desde que as Ilhas Baleares se transformaram no grande centro mundial da música eletrônica, grande parte da herança construída ao longo do período acabou migrando para muito além das quentes praias espanholas. CEO, jj, Air France e Boat Club, o que todos estes artistas têm em comum? Além sonoridade embalada pelas mesmas referências lisérgicas e esvoaçantes, ambos são artistas vindos da Suécia, país separado por milhares de quilômetros do ensolarado arquipélago, mas que abraçou a sonoridade baleárica como se fosse sua.

Também suecos e indivíduos que partilham das mesmas experiências propagadas pelos músicos e produtores conterrâneos, o duo Korallreven parece ser a mais nova e relevante atração musical desse mundo de reverberações atenuadas e que por vezes tocam o universo dos sonhos. Composta por Daniel Tjäder (também integrante do The Radio Dept.) e Marcus Joons, o projeto exalta com primor as exatas mesmas referências que há mais de 20 anos reconfiguraram a música eletrônica, embora mantenham no entrelace com elementos do presente o grande acerto de suas composições.

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Esvoaçado, porém, longe de se anunciar como um trabalho demasiadamente chapado ou excessivamente instável, An Album By Korallreven (sim, este é o nome do disco) trafega em uma nuvem de sons que parecem simplesmente desaparecer no ar. Entre músicas que praticamente se ausentam do uso de vocais – ou os convertem em um instrumento para o mundo de lisergias que dão formas ao álbum – e canções que se concentram na faixa dos 100 BPM, a dupla vai de maneira calma conduzindo todos os limites do disco, produzindo um trabalho que vai para além das limitações da Downtempo, percorre as vias do Dream Pop e até flerta com a Chillwave.

Entre inserções orgânicas dissolvidas de forma minimalista – As Young As Yesterday e o plano de fundo instrumental que a acompanha muito lembra o trabalho de Nicolas Jaar – e colagens sintéticas desenvolvidas em cima de uma programação pacata, a dupla vai ao seu próprio tempo desenvolvendo um trabalho sólido e que parece melhor quando apreciado do princípio ao fim sem intervenções. Cada faixa presente no trabalho parece se manifestar como uma mínima parte de um todo grandioso, como se todas as canções fossem conectadas e dividissem entre si as experiências que as definem.

Talvez em virtude da clara aproximação de Tjäder com uma sonoridade não eletrônica – em virtude de sua experiência com o The Radio Dept. -, ao adentrar o mundo sintetizado de Korallreven faz-se visível o uso de uma sonoridade ampliada e que se orienta para distintos rumos musicais. Seja a percussão delicada de Loved-Up ou o toque quase místico da extensa Comin’ Down (que enverga para um rumo totalmente tribal), à medida que o trabalho se desenvolve aumentam as possibilidades instrumentais, quebrando possíveis clichês de trabalhos do gênero e convertendo An Album By Korallreven em um trabalho que altera suas estruturas constantemente.

An Album By Korallreven (2011, Hybris/Acéphale)

Nota: 7.6
Para quem gosta de: CEO, jj e Boat Club
Ouça: Loved-Up

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