Disco: “Anomia EP”, Sobre a Máquina

/ Por: Cleber Facchi 20/12/2011

Sobre a Máquina
Brazilian/Experimental/Post-Industrial
http://www.myspace.com/sobreamaquina

Por: Cleber Facchi

 

Em pouco mais de um ano de atuação, os cariocas do Sobre a Máquina estabeleceram uma série de mudanças e marcantes evoluções no trabalho por eles proposto. Da obscuridade instrumental que delimitou todo o primeiro álbum da banda – Decompor, lançado em meados de 2010 – para a maestria ruidosa e ampla do ainda novo Areia, a evolução parece ser um instrumento necessário na carreira da banda. Entre transições pelo Drone e o pós-Industrial, o grupo se evidencia como responsável por um dos mais complexos compostos musicais da recente safra do rock instrumental brasileiro.

Espécie de pequena continuação do que o trio – Cadu T., Ricardo G. e Emygdio C. – vem desenvolvendo ao longo dos últimos meses, Anomia EP (2011, Sinewave) novo trabalho da banda amplia ainda mais os horizontes da tríade, que distante dos limites climáticos dos antigos trabalhos optam por uma música marcada por novas texturas e diferentes rumos instrumentais. Dotado de apenas duas faixas (curtíssimas perto das demais criações do grupo), o pequeno registro concentra em pouco mais de sete minutos todas as novas tendências que marcam a carreira do grupo, além de apontar com perspicácia o que provavelmente iremos encontrar nos lançamentos futuros que os cariocas devem desenvolver.

Mesmo atrelados ao conjunto de fórmulas soturnas e encaixes sonoros densos – uma das marcas principalmente do primeiro álbum -, o recente disco parece se orientar muito mais pelos experimentos testados em Areia, com o trio sendo soterrado por ruídos e constantes cruzamentos musicais, porém, garantindo pequenas brechas para que ouvintes não iniciados possam se instalar confortavelmente nas constantes construções da banda. Dessa forma, é possível, mesmo sob as obscuras camadas da faixa Progresso ou mesmo da canção título encontrar um caminho fácil ao trabalho da banda, que segue em meio a guitarras industriais, programações ásperas e a completa ausência de vocais.

Outra grande diferença dentro do EP está na maneira despojada como as canções são apresentadas. Enquanto nos dois álbuns é visível a busca por uma sonoridade essencialmente climática, transformando todas as composições em um grande agrupado instrumental – como se o disco todo e suas composições fossem na verdade uma única e densa faixa -, agora é possível absorver cada canção de forma particular, sensação que amplia nossa percepção sobre o trabalho dos cariocas, e consequentemente possibilita o encontro de nuances anteriormente impossíveis de serem descobertas.

Anomia EP (2011, Sinewave)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Herod Leyne, Team.Radio e This Lonely Crowd
Ouça: Anomia

[soundcloud url=”http://api.soundcloud.com/tracks/30791473″]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.