Disco: “Apokalypsi”, Chelsea Wolfe

/ Por: Cleber Facchi 18/01/2011

Chelsea Wolfe
Experimental/Folk/Gothic
http://www.myspace.com/chelseawolfe

Por: Cleber Facchi 

A californiana Chelsea Wolfe deixa bem clara qual é a sonoridade de seu projeto já na primeira faixa Apokalypsis (2010), o segundo trabalho de estúdio da cantora. E nem pense em se orientar pela iluminada Los Angeles da qual a musicista faz parte para imaginar que tipo de som ela faz, afinal, não há espaço para a luz no álbum da jovem, tanto que as gritarias de Primal//Carnal que abrem o disco apenas comprovam: Chelsea gosta mesmo é do obscuro.

O som proposto por Wolfe é um misto de musica gótica com inserções experimentais nas composições. Pode-se dizer que há até uma semelhança muito latente com o trabalho de Nika Danilova no Zola Jesus. Porém, enquanto a Danilova se prende a uma sonoridade muito mais voltada para a música industrial, a primeira se volta para uma instrumentação folk. Contudo a música semi-acústica proposta pela californiana não tem nada de convencional, já que ela opta por uma sonoridade muito mais psicodélica e voltada às experimentações.

Além da própria Chelsea Wolf assumindo os vocais e algumas das guitarras no álbum o projeto conta com Kevin Dockter (guitarras), Ben Chisholm (teclados), Drew Walker (bateria) e Addison Quarles (baixo). A banda vem de maneira fundamental para realçar ainda mais as composições climáticas do disco, transportando o ouvinte de maneira eficaz para dentro da sonoridade hermética do álbum. Com o grupo sobra espaço para que Wolf possa soltar sua voz com total liberdade, angariando profundos toques de melancolia às faixas.

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Embora haja certa semelhança, o som de Chelsea Wolf não condiz com a atual vertente do Witch House e de artistas como White Ring, LAKE R▲DIO e oOoOO. Mesmo que a sonoridade penda para o experimentalismo o som das canções de Wolf são até acessíveis como Demons. A faixa embalada por boas doses de guitarra e pela voz abafada da vocalista não chega a ser um pop radiofônico, mas agrada. Porém é através de faixas mais introspectivas e calcadas na inovação que o disco acerta. The Westland vai se transformando lentamente em um belo achado climático, com um som simples que lentamente vai se transformando em uma espessa massa sonora, repleta de sons e texturas diversas.

Mesmo que o álbum não alcance o mesmo patamar do excelente Stridulum II do Zola Jesus, também lançado em 2010, o disco vem repleto de bons momentos. Apokalypsis é um trabalho climático e que demonstra uma artista em processo de aperfeiçoamento de sua obra. Talvez o maior e único erro do disco seja o excessivo foco na instrumentação e não nos vocais de Chelsea Wolfe. Sua voz parece o tempo todo limitada, como se ela ou alguém fizesse questão de manter o controle. Com os instrumentos no mesmo nível de funcionamento e com os vocais ampliados, com certeza Wolfe e sua banda tem tudo para lançar um ótimo disco.

 

Apokalypsis (2010)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Zola Jesus, Puro Instinct e LAKE R▲DIO
Ouça: Movie Screen

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.