Disco: “Aprendendo A Mentir”, Selvagens À Procura Da Lei

/ Por: Cleber Facchi 25/08/2011

Selvagens À Procura Da Lei
Brazilian/Indie/Alternative
http://www.myspace.com/sapdl

 

Por: Cleber Facchi

Se o ano de 2010 garantiu uma série de registros memoráveis para a história recente da música brasileira – Feito Pra Acabar (Marcelo Jeneci), Efêmera (Tulipa Ruiz) e Eu Menti Pra Você (Karina Buhr), apenas para ilustrar –, na mesma medida o ano apresentou uma série de pequenas estreias, entre elas a da banda cearense Selvagens À Procura Da Lei, que para se apresentar ao mundo lançou dois entusiasmados EPs. Agora, o grupo que mantém sua sede na capital Fortaleza une seus dois pequenos exemplares em um único registro, acrescentando cinco novas faixas ao seu catálogo de hits e apresentando sua estreia definitiva, Aprendendo a Mentir (2011, Independente).

Surgindo para completar a lacuna deixada pelo Moptop e se inspirando nas mesmas referências do “extinto” grupo carioca, a banda formada por Gabriel Aragão (voz e guitarra), Nicholas Magalhães  (bateria), Rafael Martins (voz e guitarra) e Caio Evangelista (baixo) toma goles imoderados do que fora proposto no indie rock norte-americano do início do século na hora de montar suas criações. O quarteto mantém ainda uma forte aproximação com o Arctic Monkeys pré-Humbug ou mesmo com o The Fratellis do primeiro disco, não poupando riffs radiantes e sequências de guitarras sujas e dançantes.

Mesmo desprovido de qualquer novidade ou ineditismo em suas composições, o álbum segue divertido do princípio ao fim, se apresentando como um prato cheio aos interessados por esse tipo de ritmo e mantendo a sonoridade do disco sempre em alta. Lembrando muito o que grupos como Rockz (principalmente do primeiro álbum) e Vivendo Do Ócio desenvolvem através de suas canções, a banda cearense mantém constante a busca por versos sempre tomados de jovialidade e quase sempre relacionados aos assuntos do coração ou toques bem humorados do cotidiano.

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Seguindo por um ritmo bem humorado e cativante, em cada segundo do disco parecem explodir canções extremamente radiofônicas, faixas que se posicionam muito acima da média do que é apresentado pelo pop/rock nacional contemporâneo e que infelizmente estão fadadas a circular através de um público muito restrito. Músicas como Casona ou Semana Passada, que mesmo soando como uma versão de algo lançado em discos como Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not ou Room On Fire são capazes de agradar na mesma medida.

Mesmo que o grande destaque do disco e as faixas que mais se aproximem do público sejam as entusiasmadas composições iniciais, os melhores momentos da banda se concentram na parte final do álbum, quando as canções baixam um pouco seu ritmo e os versos chegam maduros, levemente densos e sérios. Seja através da faixa título ou ecoando a dolorosa Mais um palhaço no seu Carnaval (faixa que traz um toque de Los Hermanos) é em seus momentos mais sossegados que o quarteto não apenas alcança seus melhores resultados, como acaba desenvolvendo uma carga precisa de identidade musical.

Mesmo agradável e capaz de cativar o ouvinte, Aprendendo a Mentir é o típico registro que não pode ter sua fórmula repetida em outros futuros trabalhos da banda. Embora capaz de atender as exigências de seu público, o álbum se posiciona de maneira datada (com exceção da parte final do disco), com algumas das composições aos poucos se desgastando mediante suas estruturas já bastante conhecidas. Contudo, como primeiro trabalho da banda o disco se posiciona de forma satisfatória, transformando o quarteto cearense em uma boa aposta, sendo apenas eles responsáveis por surpreender ou decepcionar em algum futuro próximo.

 

Aprendendo A Mentir (2011, Independente)

 

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Vivendo do Ócio, Sabonetes e Rockz
Ouça: Aprendendo a Mentir e Sobre Meninos Elétricos e Mães Solteiras

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.