Disco: “Asleep on the Floodplain”, Six Organs of Admittance

/ Por: Cleber Facchi 07/03/2011

Six Organs of Admittance
Folk/Experimental/Freak Folk
http://www.myspace.com/sixorgans

Por: Cleber Facchi

Um homem e seu violão, essa é a imagem que transpassa Asleep on the Floodplain (2011), o mais recente trabalho do músico norte-americano Ben Chasny, atuante sob a alcunha de Six Organs of Admittance. Desde a década de 1990 o compositor vem se especializando na criação de composições experimentais e que abrem um leque de possibilidades no explorar de instrumentos acústicos. Com o recente lançamento, o californiano entrega um trabalho cuidadoso e que navega por um mar de nuances detalhadas e belas.

Seria de se esperar que em mais de dez anos de carreira Chasny derrapasse em suas músicas e acabasse soltando algum disco menos caprichado, o que de fato até aconteceu em Shelter from the Ash, trabalho lançado em 2007, mas nada que o músico não pudesse superar em seus trabalhos seguintes. Com o novo LP, o compositor cerca-se de acertos e repete o mesmo resultado alcançado em The Sun Awakens (2006) e School of the Flower (2005), passeando por um terreno que vai da psicodelia, passando pelo freak folk e até se encontrando com música drone.

O músico que também faz parte da banda Comets on Fire trata cada canção de maneira cuidadosa, seja ela curta ou contabilizando mais de dez minutos. Poppies, que conta com exatos um minuto e um segundo de duração vem tomada por acordes detalhistas e que de alguma forma fazem com que ela pareça uma música folclórica árabe. Já S/Word and Leviathan, com seus mais de doze minutos desenvolve uma sonoridade excêntrica e que foca exclusivamente nas repetições de notas, típicas dos artistas da drone music.

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As esporádicas parcerias com os membros do Sun O))) tem surtido efeito, já que várias faixas desse novo álbum apostam em uma composição climática dissolvida no uso de loopings massivos. Quando não estão inseridas por completo dentro desse tipo de som, Chasny inclui pequenos, mas distintivos detalhes, como acontece em River Of My Youth. O violão aqui aparece como um mero figurante, sendo as espessas texturas e os vocais entoados quase como mantras os elementos centrais da faixa. Diferente de outros trabalhos que exploram esse tipo de som, o californiano consegue dar forma a um som acessível, cuidadosamente moldado.

Se o músico apega-se fortemente em uma sonoridade voltada a pequenos nichos, os que buscam por um som mais aberto e dotado de diversos adornos instrumentais também são presenteados. Para esse público, Ben entrega canções folk melancólicas ou suavemente adocicadas, como é o caso de Light Of The Light. Nela o músico porta apenas seu violão e entrega um vocal com pequenos efeitos, o que embeleza a composição e apresenta ao público sua faceta mais comercial. No mesmo grupo encontram-se Hold But Let Go e A New Name On An Old Cement Bridge, faixas que primam pelo cuidado e uma sonorização acústica convidativa.

Uma coisa é certa dentro de Asleep on the Floodplain, os vocais não são o centro do álbum. Mesmo quando canta mais abertamente, Chasny deixa sua voz sempre atrás dos instrumentos. Isso vale tanto quando constroi enormes paredões de distorção através de acordes brutos, ou quando despeja notas delicadas e mostra seu lado mais sofisticado. O californiano mostra com total propriedade através desse novo disco a possibilidade de sons a serem explorados, tendo apenas de um violão e alguns pedais como suas ferramentas.

Asleep on the Floodplain (2011)

Nota: 8.2
Para quem gosta de: Comets On Fire, Sun O))) e Devendra Banhart
Ouça: S/Word and Leviathan

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.