Disco: “Azari & III”, Azari & III

/ Por: Cleber Facchi 01/08/2011

Azari & III
Canadian/Electronic/House
http://www.myspace.com/azariandiii

 

Por: Cleber Facchi

Desde que as produções voltadas à House Music tiveram seu boom na Chicago da primeira metade dos anos 80, que o estilo passou a alimentar grande parte do que seria compreendido como a música eletrônica comercial tal qual encontramos hoje. A excessiva quantidade de trabalhos voltados ao gênero, muitos deles meras cópias de registros pouco ou nada inventivos foram lentamente puxando o estilo para dentro de um universo de composições cada vez mais enfadonhas, redundantes e sem vida, como se há quase 30 anos a mesma música ecoasse através das pistas ligadas ao já não mais interessante gênero musical.

O saudosismo não vivenciado de alguns produtores, entretanto é o que nos últimos cinco anos tem trazido de volta a boa e velha house music, indivíduos que mesmo sem terem pisado em algum clube noturno na época em que o estilo era a coqueluche das pistas conseguem não apenas resgatar as boas reverberações do gênero, como também reinventar. É o caso de nomes como Tiger & Woods, Hercules and Love Affair (principalmente no primeiro disco), Tensnake, Aeroplane e Lindstrøm, artistas que resgataram os sons dos anos 80/90 e ainda acrescentaram um toque de novo.

O mais recente nome a integrar a pequena, porém relevante lista de produtores ligados ao resgate da música house vem diretamente de solo canadense e se revela sobre a alcunha de Azari & III (leia Azari and Third). Formado pelo duo Dinamo Azari e Alixander III o projeto é um dos que mais tem chamado as atenções da crítica e do público consumidor do estilo, motivo mais do que explicado mediante a série de poderosos singles que a dupla tem apresentado, faixas como Reckless With Your Love e Hungry for The Power, que acertaram em cheio não apenas aos iniciados no estilo, como um público totalmente externo a esse tipo de sonoridade.

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Passeando pelos sons lançados ao longo das últimas três décadas e mantendo um forte laço com a música disco da década de 1970, o duo faz de sua homônima estreia não apenas um dos debuts mais aguardados e agradáveis do gênero, como um dos um dos álbuns mais cuidadosos e incrivelmente cativantes do ano. Mesmo elaborado para o que parece ser um nicho muito específico, a tonalidade pop (principalmente pelas letras) de algumas faixas parecem romper qualquer tipo de limite musical, fazendo com que o álbum caiba em sua quase totalidade em qualquer tipo de pista ou de gosto.

Quem já havia se surpreendido com os primeiros singles lançados pelo duo encontrará dentro do presente disco um número ainda maior de pequenas e grandiosas surpresas. Composições que vão lentamente escorrendo suas batidas, seus loopings sinestésicos, samplers diversificados e esparsos sintetizadores, faixas como Lost In Time que através de suas batidas tribais e reverbs suaves vão aos poucos construindo uma enorme trama instrumental, isso antes que os poderosos vocais tomem forma, proporcionando um caminho sem voltas para o ouvinte.

Lançado pela Loose Lips Records (selo recente que traz nomes como Beauty Heart e Chad Valley em seu catálogo), a autointitulada estreia dos canadenses organiza todos seus esforços em cima de 12 composições que em nenhum momento derrapam em sua condução, mantendo uma sonoridade coesa do princípio ao fim do álbum. Músicas aos moldes de Undecide, Manic e Lost In Time, que transformam o primeiro trabalho do Azari & III em uma verdadeira sessão de hipnose musical que monta sua própria pista de dança.

 

Azari & III (2011, Loose Lips Records)

 

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Tiger & Woods, Hercules and Love Affair e Tensnake
Ouça: Manic e Lost In Time

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.