Disco: “Bad Vibes Forever EP”, WACK

/ Por: Cleber Facchi 30/03/2012

WACK
Brazilian/Lo-Fi/Garage Rock
http://soundcloud.com/crackiswack/

Por: Cleber Facchi

Ian Joe não é como a maioria dos garotos da mesma idade. Mesmo magrelo e com algumas espinhas pelo rosto, o jovem curitibano de 16 anos não parece nem um pouco interessado em partilhar das mesmas ideias e gostos que outros indivíduos próximos a ele insistem em ressaltar. Além de preferir Toddy a Nescau, o pequeno músico mantém no garage rock norte-americano a principal fonte de influência para seus trabalhos, tanto que Bad Vibes Forever EP (2012, Independente), o primeiro álbum de “estúdio” dele com a “banda” WACK é uma singela homenagem ao que nomes como The Oh Sees, Ty Segall e principalmente Wavves vêm desenvolvendo nos últimos anos.

Se apenas o uso de harmonias suaves, vozes límpidas e refrões pegajosos é o que lhe motiva a ouvir algum disco, então é melhor passar longe das cinco rápidas composições que se revelam ao longo do pequeno álbum, trabalho este produzido, tocado e gravado pelo próprio Joe. Mais do que se inspirar no corte de cabelo de Nathan Williams, Ian vai de encontro ao que o chapado líder do Wavves promoveu recentemente, não a partir do bem conceituado e comercialmente aceito King of the Beach (2010), mas antes disso, quando o artista de San Diego, Califórnia investia fortemente nos ruídos, distorções e cacofonias sonoras semelhantes ao que é encontrado na estreia do garoto.

Longe de qualquer acessibilidade comercial, o EP parece ser a realização de uma proposta individual, um anseio e uma descoberta do próprio garoto em relação ao que ele pode fazer quando empunha uma guitarra ou mesmo quando acerta aleatoriamente uma bateria. A maneira crua que dá contorno às faixas, entretanto, acaba por revelar alguns bons recortes musicados, algo que Blasted, BURSTINGcorpes e Virtue Monroe (sem dúvidas a melhor do disco) assumem com particularidades nada óbvias ou principiantes, como se Ian, apenas interessado em fazer sua própria música sem grandes responsabilidades, pudesse desprezar todos os vícios e erros maiores que se revelam dentro de projetos “experientes”.

Contudo, por mais motivado e capaz de reverberar o bom espírito aventureiro de um achado Lo-Fi, Bad Vibes Forever é ainda um trabalho limitado, ruim em diversos pontos e, que assim como o WACK (e o próprio Ian), pode crescer e evoluir muito. Talvez o álbum seja apenas a resposta passageira de alguém interessado em se divertir por alguns instantes. Entretanto, ao jogar vozes marotas em cima de pequenas microfonias controladas é muito provável que Ian Joe tenha encontrado algo que os garotos da mesma idade (e até acima dela) ainda não conseguiram alcançar, uma resposta que na mente dele já parece clara e bem delimitada, basta apenas saber como organizar e converter isso em boa música.

Bad Vibes Forever EP (2012, Independente)

Nota: 6.0
Para quem gosta de: Wavves, Subburbia e The Oh Sees
Ouça: Virtue Monroe

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.